Soneto

A CARTA DA CASTA

A CARTA DA CASTA

-sua casta, na carta é descartada-

 

Autor: Raimundo A. Corado.

Barreiras, 03 de outubro de 2017.

 

    

Dizes revestida de castidade;

Apartada diz ser da vingança;

Gabas d’uma casta qualidade;

De coração dizes ser mansa.

 

Vendada está a honestidade;

É passo falso que se avança;

Não é pura esta tua castidade;

Falta-lhe um tom de tolerância.

 

Reflita bem sobre tuas feridas;

Inventarie já, sua própria vida;

ALIENAÇÃO PARENTAL

ALIENAÇÃO PARENTAL

- disputa a dois que compromete o terceiro –

 

Autor: Raimundo A. Corado

Barreiras, 17 de maio de 2017.

 

O namoro está perdendo a vez;

Dando lugar para fúteis ficadas;

E noivados estão em escassez;

Preferem viver juntas a casadas.

 

Juntos, conviventes ou casadas;

Virou competição pró consorcio;

Vivem-se por pouca temporada;

Apartam-se ou pedem o divórcio.

 

Homens e mulheres vulneráveis;

Que deixam os filhos frustráveis;

A CANETA DA ALMA

A CANETA DA ALMA

-a pena que delineia o amor-

 

Autor: Raimundo A. Corado.

Barreiras, 03 de outubro de 2017.

 

Amor é gesto que a alma descreve;

Diante de tudo que fizemos um dia;

É a palavra que sua caneta escreve;

Sua letra é abstrata, ninguém copia.

 

O coração dita o que a alma escreve;

O poeta converte em simples poesia;

Interpretando a alma com sua verve;

Dando ao triste o leve tom de alegria.

 

Cada alma tem um jeito de escrever;

A FIGURA DO VAQUEIRO

A FIGURA DO VAQUEIRO

-a escacez da função e seus arreios-

 

Autor: Raimundo A. Corado

Barreiras, 28 de agosto de 2016.

 

O vaqueiro é semi-extinta profissão;

Os arreios muito pouco a gente vê;

Aqueles nascidos na última geração;

Só saberão disse, se ouvirem dizer.

 

Cadê a Polda, a potranca saltadeira;

Sob açoite do vaqueiro amansador?

Usando uma afiada espora furadeira;

A bride, chicote feito de reio batedor.

 

Arreios de campo há tempo já sumiu;

AGUA POTÁVEL

ÁGUA POTÁVEL

-tratemos bem – o que abunda não prejudica-

 

Autor: Raimundo A. Corado

Barreiras, 22 de março de 2017

 

Água potável que a sede sacia;

Tudo farei para tê-la despoluída;

Posto que a beberei por todo dia;

Inevitavelmente, ao bem da vida.

 

Leitos que dos obstáculos desvia;

Águas cujo nível está na descida;

Águas que a sede da planta alivia;

Águas que trazem a arvore florida.

 

Água insossa, é inodora e incolor;

Tua ausência provoca grande dor;

A CAVEIRA

A CAVEIRA

-neste estágio, todos nos igualamos-

 

Autor: Raimundo A. Corado

Barreiras, 13 de março de 2014.

 

Nessa nossa vida tudo passa;

O final cedo ou tarde chegar

Não há “milagre” que se faça;

Terá fim e a matéria “esgotará”.

 

Tudo na terra tem fim, perece;

Tudo tem seu dia e a sua hora;

O ser humano é mortal, falece;

E nossa alma se desincorpora.

 

Vamos de pessoas a defuntos;

Na gíria do bandido, presunto;

Eis o triste fim dos nossos dias.

 

Ancoragem

Numa íntima hermenêutica em assimptotas
Como em Blake, os sentidos vibram nus.
Entoadas "Songs of Innocence" efluem dos
Que se inspiram e expectam nas remotas
 
Conceptualizações míopes ignotas.
Quando a paúlica bruma é o que seduz,
Jazem numa ocarina sem mor luz.
E enastrá-los-ão vãos setes de copas.
 
Rousseau ou Diderot? Lucy (*) em viés trilhado
É arqueu, arrebol nas fragas da selvagem
Fé, é dilúculo enquanto rolam dados,

Inconsertável

“The horror! The horror!”
CONRAD, Joseph "The Heart of Darkness", 1899
 
Mnemónico delíquio em lemniscata
Em sangue, rúptil pétala ferida.
Pétreo, sevo azimute sem uma saída
Deflagra-se imanente ainda hoje a cada
 
Melodia ou conjunção, o breu não difracta.
Nímia obnubilação n'alma despida.
Quis submergir a própria névoa em vida
E desacontecer. Nefelibata
 
Num imo de flashbacks redemoinhado,

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