Tristeza

Oh! Insensato

Oh! Insensato!

Eu, que escondi da vida
As coisas do passado,
Passei dias, meses e anos,
A guardar em mim a verdade!
Eu, o insensato, que pensei,
Recolher em mim a mocidade
Que se esvaía como areia
Por entre as minhas mãos
Eu, o insensato que escrevi
As coisas sagradas no coração
E que escondi da posteridade
O mundo da ilusão
E o sonho do que
Era bom e mau!

A tristeza que me consome

A tristeza que me consome

Vem de dentro, bem fundo

Dói como se fosse a própria fome

Que nos alheia e cega-nos do mundo

 

Irrita-me estar assim possesso

Desfasado de mim próprio

Ansiando o fino sono, onde esqueço

Onde por fim, encontro o meu próprio ópio

 

E nos sete planos mortais

Onde a fortuna precede a pobreza

Procuro-me a mim entre os demais

Despojado de tudo, exceto da tristeza

 

Ela que teima em não vacilar

E nunca por nada recuar

Castiga-me a cada respirar

À Nação (23-01-2014)

Bramindo entre as tenebrosas brumas
Rumas tu – indefeso pedaço surdo;
Que, no vulto escuro, assumas
O que foste tu um belo dia: tudo!
(Agora, segues cabisbaixo, triste, mudo...)

Rugindo como feroz leão,
Coração que outrora batias,
És um velho felino perdido na solidão;
Surgido do inconstante nada (outrora rugias…):
Agora, escondes a cara com que surgias…

Noite (23-01-2014)

Vem Noite, vem de mansinho;
Conta-me: o que faço eu aqui?
Buscarei eu um só carinho
De alguém qu'eu nunca vi?
 
Vem Noite, aconchega-me,
Tapa-me sob os teus cobertores -
Serás tu o meu único aconchego?
Deverei esquecer outros amores?
 
Ó Noite, Noite abençoada
Que numa fria madrugada
Me vens, gentilmente, aquecer...
 
Sinto-te em mim como ninguém;
E a ti, só eu te quero também -

A ausência da tua presença

“ A ausência da da tua presença”

Princesa não está fácil,

ver o teu sorriso ágil,

olhar para ti, ver tua indiferença,

nao me conseguir abstrair da tua presença.

 

O tempo passa, as recordações ficam,

na tua ausência, o silencio domina,

carimbar sonhos a declarar,

tatuagens com altos voos a alcançar.

 

Perdendo o controle, sem noção,

beijar, abraçar com paixão,

o que fica, e o que foi não volta mais,

paisagens tão simples e tão essenciais.

 

O presente sem ti novamente,

Não olhes para trás

 

“Não olhes para trás...”

Eu sei quem tu és, sabes quem eu sou,

cruzamo-nos no por do sol que na tua vida entrou,

sabes lá o que eu pensei ,

gritar pelo mundo  que viajei,

imaginar as flores de várias cores,

amores e desamores,

leva me numa nova descoberta,

nesta porta aberta.

 

Não se compreende as questões do tempo,

tudo pode mudar no estalar de um dedo,

o sonho nem sempre pode ser real,

logo reconheçi acabando por ficar.

 

Repete outra vez o que disseste,

Almas (20-01-2014)

Venham d'encontro a mim
Almas queridas e sofridas
Porque eu já não sei do fim
Em que vos vi, sombras esquecidas
 
Venham como voz do passado
Em que, longe, vos sei decerto -
O sonho é fugaz e errado
E a Vida um lugar deserto...
 
A saudade na minha lembrança -
É esta a única esperança
Que me resta...
 
À memória vem a vossa imagem e voz
E, nesta, o agonizar atroz

Perdido (15-07-2013)

Ainda ontem me procurei
Numa ânsia de me encontrar
Mas, de tanto procurar, não me achei –
Não sei onde fui do mundo me isolar

Alguém deu por falta de mim?
Alguém que saiba onde estou? –
Preso num Universo sem fim:
Algures, para onde alguém me mandou

E é tão triste não saber a morada
Onde a alma caminha desorientada
Procurando um lugar onde descansar

Como sinfonia absurda, desafinada
Caminha parte de mim em estrada errada –
Quem me dera deste pesadelo acordar!

Tiago Reis

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