Estranho acomodar

Sinto-me bem neste lugar –
é estranho como eu.
Abriga, na sua estranheza,
o meu estranho ser.
Mais do que sentir-me bem aqui,
sinto-me.
Sinto-me a embeber
a estranheza deste lugar
e o seu estranho ar;
e, de algum modo,
tudo parece menos estranho.
Tudo parece,
e talvez tudo seja:
somos um estranho só,
e não velamos
a estranheza de cada um.
O que respiro de ti
é tão estranho para mim
quanto aquilo que sou
pode ser para ti:
não é estranho.
Nada nos é estranho

Alvorecer

   Alvorecer

Alvorecer místico ! Só em contos !

O sol desponta entre a bruma d' aurora.

Resplandece entre contornos dos montes,

Vai trazendo o calor...que já demora !...

 

Eleva-se devagar, rumo ao céu !

Rouba as trevas, escuridão, o breu.

Lança seus raios e à terra os conduz,

Abraça os girassóis que pedem luz.

 

É esta natureza infindável,

De secreto segredo,insondável,

Qu' afiança a minha fragilidade !...

 

E eu hei-de partir, contrariada !...

Tão mudo mundo

Há relações mais mentirosas que pessoas.

Há opiniões mais amorosas que detestas.

Há reações tão furiosas que contestas.

Com as palavras tu magoas,

mas sem elas não te expressas.

O amor que dizes dar é uma amnésia de atitudes.

Não te iludes, mas amor é diferente desse teu jeito de ser

Não consigo viver sem entender

o porquê de ter de ser assim

és fraco

para ti o melhor princípio é mesmo o fim.

QUANDO

Quando

 

Quando me abraça, sei que o mundo

No momento é quando...

 

Quando se cala, sei que naquele instante,

O teu silêncio é quando...

 

Quando te escuto, percebo teu corpo

Livre a tocar meus ouvidos.

 

Quando, tanto, pois, não me distraio,

Te encontro sorrindo.

 

Quando os nossos quandos, se esquecem

Dos porquês;  Somos as respostas e trancamos a porta.

 

Quando mais do sol se levanta, te digo não te cansas,

Pois a vida é mansa.

Importância da Poesia

Importância da Poesia

 

Nunca tente convencer os tolos

Da importância do céu

Dos lábios e do mel

 

Os tolos não entendem poesias

Dizem que todos podem

Ai que perdida!

 

Os tolos não enxergam

As esquinas dos sinos

O silêncio do brilho

 

Nunca tente, é perda de mundo

Os tolos morrerão lendo os mesmos jornais

Os poetas as estrelas.

INSTANTE

    INSTANTE

 

Há um sopro de vida a cada instante.

Num ato de amor se cria uma vida !

Mas, um só instante é já o bastante,

Para que a vida esteja de partida.

 

Infância... Passageira...um instante...

Juventude...Que se vive de fugida.

Brota...logo se escoa, estonteante...

Na curva, já se vê o fim à vida.

 

Instante ! O mundo é devastação !

Inventa-se guerra...se ela convém !

Instante ! É dor...é a desolação !

 

Estamos bem. Plenos de inspiração !...

A casa da minha infância

Enraizada entre as serras de ar fresco e calmo,
acolhida por uma inspiradora seiva campestre,
canteiro odorante desabrochando um eterno salmo,
aconchegando o morador no dia mais agreste.
-
Era a casinha de paredes caiadas e cobertas pelo amor...
De janelas brancas, abrigadas à beira do telhado,
de barra azul,  resistentes,  amparando qualquer dor,
reflectindo pelos vidros...  as rosas de tom rosado.

-
Os afectos desfrutavam  uma disposição apalaçada,

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