Da brincadeira de amar

O desejo de amar faz do homem
um ventríloquo do mero acaso.
O peito pula e grita como lástima,
se preciso, queima a centelha
necessária pra se viver ouvindo.

O amor sacrifica o orgulho,
é uma liturgia dos antigos deuses,
uma espécie de velho augúrio:
Ritualiza o pecado e invoca
o sublime e puro bem-estar.

AMAVÉL SANTUÁRIO

 

 

 

fiel sacrário

 

templário sagrado

 

exotérico

 

não mais que isto

 

não mais do que seja

 

benfazeja consagração

 

sacro hinário

 

sacrossantos cânticos

 

santos encantos

 

para se louvar

 

no simbólico santuário

 

que em nós faz moradia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A internet matou a arte

A internet assassinou a arte,
deixou em seu caixão o resto,
largou suas flores do fim
no funeral da criatividade.

A internet negando o ócio,
promove o neoliberalismo,
estamos sumindo como pó,
e a revolta se tornando pop.

Tudo é toda uma mesmice,
não tem algo surpreendente,
velamos um passado familiar,
num eterno retro futurístico.

Epokhé

"There, far remote, I shall lie unknown"
MACPHERSON, James "The Poems Of Ossian, The Son Of Fingal", 1762

Cris, Abyssus abyssum invocat.
Soleva ao hiperurânio. Maranata (*) -
- desitiva ou seráfica - refracta
Num balsedo. Em diaptose, o entretom mate -

- loesse flamispirante dum xamate.
Mas libra-se, epacmástico. Em sonata (1),
Pleroma d'asseidade que, mediata,
Grateia por um secesso (2) que dilate

Minha missão

Chacoalhar como um pandeiro,
estremecer como um bumbo
e dançar na loucura da vida:
minha missão nesse mundo.

Quero fazer do melancólico
uma piada de mal gosto,
quero ser um palhaço louco
rindo do ingênuo bucólico.

A vida é sobre o intérprete,
um filme sem roteiro,
talvez sem todos os atores,
uns rasgam, outros, vespeiro.

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