ALTURAS DO HOMEM

 

 

 

são as mãos de pelúcia

as mesmas que degolam

os pássaros

e fartam os nômades

de terra vermelha

por isso

basta-nos espreitar o fôlego

dos viajantes

para ascender à impassível

bandeira oscilante

erguida sem censura

espargida nas alturas

do homem

com uma vontade férrea

de se anelar aos cisnes

e, afoita

desvencilhar-se das carícias

da estrela vespertina

que se distraiu

e foi dormir junto ao portão

de todas as partidas 

Preconceito

Um dos temas que me despertam o interesse é o preconceito. A natureza humana é curiosa, usamos de artifícios baseados em sua própria primazia para justificarmos nossas mazelas. Escravizamos o outro em nome de uma abstrata nobreza racial. Os colonizadores tinham sobre a ótica do mundo uma lupa, e essa lupa enxergava o outro como formiga, não só enxergava como a exauria com a ‘’luz da razão’’. O pretexto racionalista levou o homem tão romantizado pelas poesias e eras de ouro a cometer pérfidas atrocidades.

Quatro noites de um pessimista

O tormento é uma noite fria,
refrescante para a reflexão,
mas ardoroso como lava
que arde muito o coração.
É um bosque sem árvores,
é um pasto sem as vacas,
um vazio de grandes ideais
de melancolia boêmia.
A lua é a companhia,
a taça de vinho, o alicerce;
trechos de Plath ao vento
e a depressão nas linhas.

Isso tem que acabar.

OS OLHOS DE DEUS

 

 

 

 

As estrelas são os olhos de Deus?

 

Ou são órgãos do espaço celeste?

 

Por acaso de sua brancura emana

láctea nutrição?

 

Por acaso elas são acesas

por um famigerado acendedor?

 

Ou serão assim mesmo:

pérolas de marcante fomento?

 

Será que são flocos de marfim

dispersos no céu altaneiro

a nos guiar

em meio à névoa dos dias?

 

Sabemos? Sabemos de seus desígnios?

 

Fato é que elas estão sobre nós:

 

Pages