CORAÇÃO FERIDO

                                   CORAÇÃO FERIDO

Oração, melhor ter marcas nos joelhos do que ter feridas no coraçao!

As marcas nos joelhos não dói.        

Mas as feridas no coração só Deus pode curar!

Mas se você orar  e os joelhos marcar...

    Deus vai te curar!

 

Autora: Madalena Cordeiro

Qual é a sua

 

Qual é a sua

Não te entendo muito bem

Um dia tu me amas no outro me odeias

Um dia sorri e no outro não estas nem aí para mim

Um dia amores no outro, horrores.

 

Não entendo minha querida por que eu me apaixonei

Talvez tenha sido teu jeitinho de burguesa que me atraiu

Preferia, porém, não tê-la conhecido,

Pois perto de você fico eu desguarnecido.

 

Queria saber o que passa em tua mente

Às vezes pequenas parolas terminam em grandes verberações

Palhaços

Qual é a face humana que realmente se mostra?

Aquela que se escancara em um fingido sorriso?

Ou aquela outra que se enruga em profundo ciso?

Qual merece crédito quando na face se prostra?

 

Sim, porque se escondemos a nossa dor nas risadas

Apenas para que de nossa dor ninguém mais saiba

Também escondemos  a alegria para que não caiba

O escárnio e a indiferença de canalhas disfarçadas.

 

Ri coração, escarnece de ti mesmo, triste palhaço

E tira, inda que seja à força, de sua fria mônada

Livro

A vida me pôs nas mãos um lindo e delicado livro. Lhe faço

Um carinho. Deslizo minhas mãos maciamente por seu dorso

Malicioso, preparo-me para fazer uma viagem, um lindo corso

Por cada página, cada palavra sua, por cada linha, cada traço.

 

Lúdica e ansiosamente, confesso, abro-o. E o que mais espero

É que cada uma e todas as palavras de suas alvíssimas folhas

Tragam contidas dentro de si – quais coloridas lindas bolhas

As mensagens de paz e de amor que tanto desejo, tanto quero.

 

Impossível

Nasceu assim. De repente. Nem sei quando

Se foi quando você falou, ou apenas sorriu

E repentinamente toda minha segurança ruiu

E eu me vi como estou agora, só lhe amando.

 

E agora, todo dia me vejo assim, impaciente

Prá lhe ver, sentir seu cheiro, ouvir sua voz

Prá guardar você na memória e depois, a sós

Medicar essa paixão, me sentir menos doente.

 

Mas (existe sempre um mas) depois eu penso:

Para viver essa paixão, ignoro todo bom senso

Ou continuo amargando essa solidão terrível?

 

Ponto G

Sabe o que eu queria mesmo? Seu corpo mapeado

Para que todos os caminhos que eu nele seguisse

Levassem você a sentir tudo, tudo que eu sentisse

Por muito mais de um milhão de vezes multiplicado.

 

Sabe o que eu queria mesmo? Encontrar o ponto

Exato para o toque do prazer máximo, da loucura

Mas são tantos os pontos seus que, nesta procura

Você me põe primeiro exangue, perdido e tonto.

 

Por isso, lhe falo baixinho obscenidades ao ouvido

Ou mordisco seus lábios, ou beijo seu peito túrgido

Esqueletos de Sonhos

Sonhos? Eu sonho. Tu sonhas. Mas, de que serão feitos

Os sonhos? Será de alguma vontade inda não realizada?

De alguma ânsia que se queda frágil, não materializada

Fazendo de corações e almas pares tristes, insatisfeitos?

 

Ah, os sonhos. Elocubrações que a mente humana gera

E que, pari passu, seguem lado a lado com a nossa vida

E quando não realizados, são como uma dolorosa ferida

Que torna a nossa vida tão inócua, tão insalubre,tão mera.

 

Apesar de não existirem, de cinza, ficam por aí os sonhos

Mandinga

Oxossì, Obalúaye, Òsúmàré, Ogum e Iansã

Me respondam, por favor, urgentemente:

De onde vem isso que já me faz dormente

Como quem está refém de uma febre tersã?

 

Dei agora para ouvir atabaques e tambores

Mesmo quando eu e minha’lma estamos sós

E nesta nativa sinfonia há o grave de uma voz

Cantando a força de mil esquecidos amores.

 

E agora deuses, o que faço: abro minhas velas

E viajo nas tintas da paixão destas aquarelas

Águas

Lembro que, maliciosamente, brinquei com teus pelos

E percorri com a ponta dos meus dedos tão maliciosos

Cada curva de cada pequeno seio teu – dons preciosos

Túrgidas e belas testemunhas da fome dos teus apelos.

 

Comi tua nudez. Amei cada um dos teus belos detalhes

E me adonei gostosamente de todas as tuas lindas vias.

Te vi chovendo. Borrasca de paixão, tu toda escorrias,

E qual rara peça esculpida, me expunhas teus entalhes.

 

E na tua boca sequiosa – desejo – eu me fiz teu alimento

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