As cinzas que te ferem

Volto das cinzas regentes,
As estelares poeiras torrentes
Verão meu resplendor belo.
Pois, tantas vezes ao inferno,
Cansa até o anjo mais leal.
Minha sujeira incomodará
Seu cômodo, encardirá
O pesado sono.
Não haverá verniz na madeira,
Serei seu capim na maqueira,
E minhas mãos chamarão
Nas ardentes chamas,
O seu pesadelo mais comum.

JOGO DA DISSIMULAÇÃO

faz-se silêncio
quando silencia o mundo
ignorando sua sequência
em mim
mundo de irrefutável desdém
pela sua além-ciência
de irrefutável demonstração

faz-se silêncio
quando se admite a manhã
em sua eloquência:
drible da existência
em um jogo de similares opostos
-impostores?

ou seria isso somente uma simulação
se discrepâncias não há
-quem mais haveria de bradar
impropérios
sob o mar das incertezas
e dos critérios?

JOGO DA DISSIMULAÇÃO

faz-se silêncio
quando silencia o mundo
ignorando sua sequência
em mim
mundo de irrefutável desdém
pela sua além-ciência
de irrefutável demonstração

faz-se silêncio
quando se admite a manhã
em sua eloquência:
drible da existência
em um jogo de similares opostos
-impostores?

ou seria isso somente uma simulação
se discrepâncias não há
-quem mais haveria de bradar
impropérios
sob o mar das incertezas
e dos critérios?

Pisando em ovos

Pisaste em mim como quem
Pisa em ovos
Rachaduras em meu peito
Causam mais feridas a ti
Achaste que se livraria da dor?
Sou a gema a escorrer dos dedos
Sou o prejuízo que enfrentará
Mais do que isso: sou chão
Que pisas nas noites frias,
Nos restos das cascas do teu
Pequeno eu.    

 

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