lobrigo um vulto bizarro que expurga os artifícios do mundanismo; que produz ressonâncias que estoiram no cérebro alienado das multidões; que ultrapassa os seus anómalos temores para desmacarar a hipocrisia.

ouve a nota pungente

do clarim clarividente

vê o salto da ponte

sobre o passante rio

tateie o relevo das dunas

na praia sem olhos

deguste o oportuno banquete

na mansão da alma

sinta o odor do instinto

no recinto do sonhador

Sou um vulto impercebível, e
Pairo nas sombras de outrem.
Sinto-me preso e escondido.
Um demônio bifurcado por existir.
Observo a humanidade e as peripécias.
Meus órgãos são pisoteados por eles,
Justo eles, os vermes de Nietzsche.
Tanta tristeza nas minhas asas,
Tais asas ruflam para baixo.
De Lúcifer a mim, temos a abrupta decadência.
Sou o arcanjo do esgoto, o núcleo
Do obscuro é o meu júbilo afagante.

palma da mão:

                      salmo de Salomão

-quem poderá elucidar

                      os segredos do coração

                      do homem que consolido

                      em mim?

a impostura jaz no topo das atuações daqueles que contorcem a liberdade; daqueles que cursam falsas etapas para nelas dissolverem temores injustificados; daqueles que transferem para os outros a sua degradação emocional.