Hoje.*
Autor: F.G. on Sunday, 6 January 2013Hoje.**
Hoje.**
Mulher! quando nos braços
Te escuto uma canção,
Não vês em meus abraços
Profunda commoção?
É que o teu canto á mente
Me traz vida melhor...
Ah!
Cantai continuamente,
Cantai, oh meu amor!
Quando sorris, assume
Teu rosto uma expressão,
Que o mais feroz ciume
Se desvanece então.
Sorriso tal desmente
Um coração traidor...
Ah!
Sorri continuamente,
Sorri, oh meu amor!
A Silva Qinto
Eu não amo ninguem. Tambem no mundo
Ninguem por mim o peito bater sente,
Ninguem entende meu sofrer profundo,
E rio quando chora a demais gente.
Vivo alheio de todos e de tudo,
Mais callado que o esquife, a Morte e as lousas,
Selvagem, solitario, inerte e mudo,
--Passividade estupida das Cousas.
Fechei, de ha muito, o livro do Passado
Sinto em mim o despreso do Futuro,
E vivo só commigo, amortalhado
N'um egoismo barbaro e escuro.
Os bosques para mim são como catedraes,
Com organs a ulular, incutindo pavor...
E os nossos corações, - jazidas sepulcraes,
De profundis também soluçam, n'um clamor.
Odeio do oceano as iras e os tumultos,
Que retratam minh'alma! O riso singular
E o amargo do infeliz, misto de pranto e insultos,
É um riso semelhante ao do soturno mar.
Ai! como eu te amaria, ó Noite, caso tu
Pudesses alijar a luz que te constéia,
Porque eu procuro o Nada , o Tenebroso, o Nu!
Os pastores de Virgílio tocavam avenas e outras cousas
E cantavam de amor literariamente.
(Depois — eu nunca li Virgílio.
A alma é curada ao estarmos com as crianças.