Noite de chuva - Dilúvio

E um pássaro livre de asas pretas tapou o céu
Como se todos os anjos da guarda descessem aos subterrâneos
E a noite cantou em negro o dilúvio de chuva de prata
Como se um coro de fogo de artifício tombasse na terra
E as trombetas nas muralhas tocaram rodos de água
Como se anunciassem o arrasto do vento longo e frio
E as mãos frias de coração quente caminharam entre enormes poças
como se os pés seguissem pegadas de sonhos concretos
E as quedas nas vestes saturadas esvoaçadas abanaram

ENTRE FLORES E FLORES

Há flores que nascem na terra
Providas de amor e de paz,
E outras que nascem na pedra e na pedra onde nascem elas morrerão

A primeira, eu digo, não erra
E tampouco algum mal ela traz
As primeiras que nascem e crescem se espalham no vento e por lá estarão

Mas escute o que agora eu lhe digo
A segunda ela é fria e tão dura
Elas nascem crescidas e tão bem formadas que nunca que elas mudarão

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