Por fim...

Tentei esboçar,

teu rosto com letras;

Mas mesmo de mel...

me soaram as palavras a tretas;

Por muito aquém...

ficarem de ti.

Com números então,

tentei somar-te os encantos;

E somei um milhão,

com outros tantos;

Mas muitos mais haviam...

e desisti.

E bebi um trago...

com outro que despejei;

atrás de outro que entornei,

de um fôlego só...

fiquei sem ar!

Respirei fundo,

doeu-me o peito.

E vi teu corpo,

de névoa feito;

Sem escrever...

Maria...Mulher

Porque Maria sois todas…

Mulheres.

Maria.

Maria que és riso…

Que és alegria.

Obediência cega e doentia.

Cruel amo de vingança fria…

Eu te canto,

Maria!

Maria mulher!

Maria amante.

Maria deusa.

Maria mãe...

Maria ser fecundo,

Que sofres como ninguém,

Os partos deste mundo.

Qual humidade de meus sonhos?!...

Qual fogueira,

Do meu desejo!?...

Maria,

És força de vida que invejo,

Por trazerdes, ao mundo quem somos.

 

desabafo...

Conheci a rima na ponta de uma caneta

Já não sei se vermelha, azul ou preta,

Mas tão leve como uma borboleta…

Da pequena esfera fluía.

Fugaz e ligeira me escorregava,

A rima solta na tinta que entornava,

E que livre se formava…

No papel onde caía.

 

Até que “vagabundeando” por aí…

Poemas de merda me gritam,

Com versos cheios de nada.

Frases compridas que de tão ocas se agitam,

Repletas de palavras vazias em boca desfraldada.

Pétalas coloridas em flores sem cheiro.

com os dedos voando...

Só consigo escrever em prosa...

Que logo se me afirma poderosa

Sempre que tento rimar,

As palavras não jogam certo

E sempre que penso que estou perto

Sentido não lhes consigo achar..."

Será???

Tenta assim:

Quando escreves com prazer

Não ligues a quem vai ler

Está-te de todo borrifando...

Que importa o que vão dizer

Ou se quer perceber

O que no papel vais deixando?...

Nem sempre o verso rima

Que não foi imposto por sina

A cada palavra o seu par...

Réquiem - 1

Pintei a vida

Desafiando a sorte

Ao pintar a minha morte

Num amanhã não muito além.

Não escutei os mais velhos

Nunca liguei aos seus conselhos

Não quis ir atrás de ninguém.

 

Vivi como quis viver

Sem do destino querer saber

Que se eu morro…

Os outros também.

Para semente,

Não quero ficar;

Envelhecer, secar, murchar…

O que quero,

Sei-o bem!...

 

Sem pressa nem vagar

Para que a morte ao chegar

Não se engane com outro alguém…

Á Flor da Pele - Michelle

Michelle, francesa moça,

Meteu-se-lhe na cabeça louca

Que o amor de sua vida seria eu.

“Michelle, c’est pas possible!

Tu és uma garota incrível

Mas não mereço o amor teu.”

“C’est pas vrai, et je t’aime!”

Dizia-me com uma lágrima no olhar.

“Mas, Michelle! …

Sou vagabundo empedernido

Há muito do amor esquecido

Nada tenho para te dar.”

E Michelle não desistia

Doía-me a sua alegria

Quando me tinha perto de si.

Sabendo que não a merecia

Só - Está a chover...

Está a chover!

Sento-me para escrever

Mas não me apetece escrever nada.

Repito estes versos na cabeça

À espera que algo me apareça,

Uma ideia…

Ainda que disparatada,

Mas nada!

Vazio.

Apenas o cair macio,

Da chuva pegada que em surdina;

Sobre o asfalto vai caindo,

E teimosamente persistindo,

A fazer-se na tarde, uma cortina;

Que o dia pinta de cinzento,

E me enévoa o pensamento,

Com uma densa neblina.

E chove!...

Não uma chuva copiosa,

Destilado...1

Por destino embriagado

Entornei-me pela vida

E quando dela for despejado

Dêem-me um copo à saída.

 

Ébrio demente

Esquecido das gentes

Deambulei vida fora…

Vagueando por bares

Sem rumo nos olhares

De onde caí borda fora.

 

Marinhei em balcões

E voei em balões

De álcool inflados…

Por sopros de pinga

Na noite que finda

Entre copos entornados.

 

Penallty’s bebi

Traçados pedi…

E encontrei-me no chão…

Por qual dilúvio bíblico,

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