Amor

Promessa

Quantos versos te restarão
quando as estrelas se apagarem?
Em busca de qual promessa
tu ainda rezará as mandingas?
Quem haverá de desenhar as rendas
por onde voava o colibri?
Quem, de ti restará?
 
E tudo por quê? 
De onde ressuscitastes esse medo?
Lembrança de tantos amores em vão?
 
E no entanto, poeta, é preciso reviver.
Dispa-se da paúra e descalce o que dirão.

A MULHER QUE EU AMO AGORA

Um convite é o seu sorriso,
Como o sol que doira a aurora,
Para errar no paraíso
De su`alma sonhadora;
Quero dedicar meu friso,
Meu anelo e alegre riso
À mulher que eu amo agora.

Ela é tímida e sutil,
Do jardim parece a flor
Que derrama aromas mil,
Perfumando-me de amor;
Divisando o céu anil,
Nada achei mais pueril
Que seu suave primor.

Uma receita de amor

Que aconteça o que tivermos vontade que aconteça.

Que nada do que desejamos desfaleça.

Que sejamos capazes de dar um ao outro tudo o que queremos dar

Tendo apenas em atenção

O que é de mais elementar

Que o amor nunca se pode forçar

E que um homem e uma mulher que se desejam nunca se podem recusar.

 

E ter também em atenção o que parece vulgar

Que os olhos dizem o que estamos a pensar

E que nunca será possível não dizer a verdade.

Está tudo nos olhos a denunciar.

Estou aqui

Não chore pelo tempo que se foi

Nossa vida começa amanhã

Agora não, o acaso nos trouxe aqui.

O tempo, minha cara, nos ensina o que deveras é importante

E os versos que cortam as linhas

Não são mais importantes

Que rascunhos, manchados, de lágrimas

De olhos pedintes

Das linhas traçadas, suaves requintes.

 

Deixe-me mostrar, minha cara

Que os amores febris de outrora

Não são nada

Se tu choras.

E a alma agora acorda, de devaneios  sádicos

E o outrora, agora, ficou para trás

 

Pages