Geral
UTOPIA?
Autor: António Jesus on Thursday, 3 November 2016Entro na máquina do tempo.
Viajo 365 dias e que vejo?
Alegria e felicidade;
Um Deus único, apelidado
De muitos nomes,
Mas olhado por todos como fonte de paz,
Fraternidade e amor.
Governantes ao serviço do povo
Distribuem riqueza, velam pela saúde,
Investem na educação.
A justiça social impera,
Há entrega em vez de corrupção.
Uma grinalda de luz e cor,
Envolve toda a Terra.
Todos estão nas ruas,
Trazem uma flor branca nas mãos.
Entoam um hino ao AMOR,
HOMEM FEITO MÁQUINA
Autor: António Jesus on Thursday, 3 November 2016O cérebro eletrónico adoeceu.
Há fios retorcidos, resistências queimadas.
Aquela caixa metálica, sempre disponível,
Começa a confundir-se, a errar os cálculos,
A não responder ao programado.
Um ser inútil, afinal.
O cérebro eletrónico morreu.
Sobre ele, debruçam-se, com olhar técnico,
Todos os que o utilizaram em vida.
Todos se interrogam e querem saber:
Que doença misteriosa fez parar,
A máquina inesgotável, sempre pronta,
Que se deixava só, num canto da sala
A CIDADE CRESCE
Autor: António Jesus on Thursday, 3 November 2016A cidade cresce.
Os homens amesquinham-se entre os carros,
Que não têm por onde andar.
Árvores medrosas exibem nos ramos,
Folhas mortas de poluição.
E o homem, animal da orla da floresta,
Enfurece-se, qual fera cativa do cimento que o cerca,
Na nevrose quotidiana, que não ousa compreender,
Por indecifrável e vazia.
A cidade cresce.
As crianças surgem dos buracos das ruas.
Os drogados, vadios, abandonados,
Viram detritos nas portas de tascas e cafés.
FALSA APARÊNCIA
Autor: António Jesus on Thursday, 3 November 2016Pinta de branco o barro cru da jarra tosca.
Coloca-a numa sala entre sofás e livros raros.
Enfia-lhe flores vistosas, colhidas numa estufa.
Põe-lhe um selo, um carimbo, dá-lhe um rosto…
E terás falsa porcelana.
Traça a cinza veios em seu bojo,
Esfrega verniz. Na boca um aro dourado.
Coloca-a sobre um suporte de negro polido.
Dá-lhe lugar vistoso, na sala de visitas.
E terás belo mármore.
Deita-lhe água dentro.
Pouco a pouco…
Cai o verniz, abrem-se brechas na pintura.
ESTOU FARTO
Autor: António Jesus on Thursday, 3 November 2016Estou farto das caras sem olhos,
Que me olham.
Dos lábios sem fala,
Que me falam.
Dos que se sentam à mesa do café,
Só porque se sentam.
Dos cínicos servis, que me saúdam
Com pancadinhas nas costas,
Como Amigos.
Estou farto dos pobres e dos ricos,
Dos que me atacam pelas costas.
Por ser amigo…
Desilusões sofro.
Pouco lucro.
Nem Amigos.
Estes não se compram com gestos ou palavras;
Simplesmente, existem.
Marcam presença na própria ausência,
Não quero
Autor: Nereide on Wednesday, 2 November 2016Não quero ouvir seu nome
Nem o som do vento
Tapei meus ouvidos
Na janela cerrei os vidros
Hoje foi minha escolha
Acertada? Talves!
Amanhã quem sabe, te acolha
Será somente mais uma vez
Não quero, nem devo:-Nunca!
Ouvir tuas mentiras
Nem quero um amante varunca
Nem um amor picotado em tiras
Não mais te chamarei
Teu nome... eu esqueci!
Nereide
A NOITE DOS SÁBIOS
Autor: fernandoramos on Tuesday, 1 November 2016Rotas
Autor: Diana Santos on Monday, 31 October 2016Por vezes sei que me disperso
Nos escombros da essência...
É apenas um modo adverso
Adquirido pela inata prudência.
Por vezes sei que não me revês
Nas entrelinhas do amor.
É apenas a insensatez
Da minha condição indolor.
Sei que por vezes é preciso mais
Do que permanecer aqui
Ancorada neste cais.
Aguardo apenas as correntes favoráveis
Para navegar até ti
E velejar pelas rotas inimagináveis.