Geral

o silêncio das pedras

 

Não desmereça o tempo
em sua face menos visível
atua o ínfimo

Teu poder absoluto desafia os mares
e teu cálculo impossível
entrega aos céus o meu destino

Todas as pedras me contam algo
até mesmo as pisadas que viveu
quando ainda meninos
subiam nos barcos piratas
e descobriam outros mundos
(tesouros secretos de casas amplas)

Meus austeros passos
derramam meu sangue pelo caminho
 

*O DOENTE ROMANTICO*

Eu sei que morrerei, discreta amante,
Antes do inverno vir; mas, lentamente,
Quero morrer á tua luz radiante,
Como os tisicos á luz do sol poente!

Sou romantico assim! O tempo ardente
Das chimeras vae longe! Vão, constante,
Morrerei crendo em ti... e o azul distante
Olhando como um sabio ou um doente!...

--Mas, eu não preso a tarde ensanguentada...
Nem o rumor do Sol!--quero a calada
Noute brumosa junto do Oceano...

O coração dos homens com a idade

    O coração dos homens com a idade,
    A pouco e pouco, vae arrefecendo...
    Quão diversos me vão apparecendo
    Do que eram ao abrir da mocidade!

    O sorrizo não tem já lealdade,
    Lagrimas são difficeis... não as tendo.
    Palavras não vos faltam, estou vendo
    Mostrar o que sentis só por vaidade.

    Já não me illude, a Gloria que sonhei.
    Perdi a fé em tudo quanto amei.
    Mas só agora, eu sei o que é viver!

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