Geral

O Sino rachado

Como é amargo e bom, no inverno, junto ao lar,
Sentindo consumir a madeira que fuma,
Saudosas ilusões de outrora recordar,
Ouvindo os carrilhões bimbalhando na bruma.

Como o sino é feliz! Vèlhinho vigoroso,
Tem notas de crustak na conservada guela,
Fazendo retinir seu timbre religioso,
Como n'uma guarita a voz da sentinela!

Quanta a mim, a minh'alma está rachada, e quando
Procura uma canção desferir, povoando
O ar frio da noite, a sua voz exangue

Monologo d'Outubro

A MEU IRMÃO AUGUSTO

    Outomno, meu Outomno, ah! não te vás embora!
    Ás minhas, eu comparo as tuas extranhezas.
    Ah! nos teus dias não ha Julhos nem aurora,
    E só crepusculos... Crepusculos são tristezas!

    E tu que já passaste o Outomno só commigo
    Não pensas ao cahir de tantas agonias
    Nas minhas, que tu sabes, ó meu melhor amigo?
    Cahi, folhas, cahi! tombae melancholias!

JOVEN CAPTIVA

Respeita a foice a espiga verde ainda;
    Sem medo da vindima, o estio inteiro,
    Bebe o pampano as lagrimas da aurora:
    E eu verde como a espiga, tenra e linda
    Como o pampano, hei-de morrer? não quero:
            Quero, mas não por ora!

    Talvez que a outrem, morte, grata fosses.
    Espero! Embora em lagrimas me lave,
    Varre-me o norte a mim a face? inclino-a.
    Se ha dias tristes, ai! ha-os tão dôces...
    Sem amargo, que mel, por mais suave
            Que mar, em paz continua?

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