Geral

Do gesto

quanta delicadeza há num só gesto
que diferença faz nas 24 pequenas horas do dia 
tudo se transforma ao redor, as letras voltam a conjugar-se 
para o poema que tardava em sair 
as palavras tomam uma insustentável leveza 

A flor das palavras

sentei-me na sombra de um poema
rodeada de palavras que queriam entrar no meu âmago
tudo era poesia, as letras que compunham 
as páginas do meu caderno perfumado 
pelo aroma almiscarado da pétala de uma singela flor
cobriam-me como um manto quente e macio
a existência feliz das irrequietas letras que compõem esse poema 
carregavam a leveza de um sorriso inocente
há páginas inteiras de palavras adocicadas à espera de serem escritas 

A cor da inocência

Há formas únicas e belas no olhar de uma criança 
o seu brilho é feito de flores lindas que cobrem os pastos 
Por trás desse brilho esconde-se o sofrimento de, sem culpa 
ter perdido os seus pais na guerra
 
Mas Deus não dorme 
Deus na sua magnificência oferece-lhe o seu sorriso 
e a criança ri, a criança ri
 
A existência feliz dá cor à inocência 
Aqueles cujo sorriso é feito de palavras irrequietas e acordes musicais 

Elogio aos locais incomuns

Do alto de uma miragem avistei o rasto do sol a beijar o mar, momento de ternura extrema porque delicado e elegante. Mar e sol, dois elementos essenciais à vida que se quer em plena comunhão com a natureza. Nesse momento digno de registo tudo parou e o mundo transformou-se, do dia se fez noite e tudo foi absorvido por um enorme manto negro sedoso pejado de pequenos pontos de luz brilhantes.

Instante eterno

Um dia sonhou e voltou a existir, como uma chama que se reacendeu.

Ganhou anos de vida no momento em que os seus olhos se colocaram nos dele.

O azul do céu estava ali presente novamente, depois de tantos tantos anos.

Queria compor uma música, a música dos deuses. Estar alheada do mundo e abrigada no seu abraço caloroso. Não queria sentir nada que não fosse dela, queria apenas voltar à realidade do sonho, onde queria permanecer num instante eterno.

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