Prosa Poética

Pelos andaimes do tempo

Minhas recordações jamais
 
serão domadas
 
enquanto seguirmos nos
 
trilhos da vida onde atapetamos
 
cada gomo de solidão
 
conquistada pacientemente
 
no domicílio das nossas loucas
 
e profundas sofreguidões
 
 
No campo de batalha
 
reuniremos as tropas
 
assistindo-nos em cada refrega
 

Derradeira jornada

De uma vez por todas
 
eu sei
 
que não pude desenhar-te
 
como o projecto final
 
A consciência perdeu-se
 
em cada acto meu
 
findo o esboço onde
 
apuramos os beijos
 
que ficaram inconscientemente
 
despidos nos lençóis onde
 
nos embrenhamos tentadoramente
 
 
Tenho hoje só pra mim

Vai Sendo

"Por mais passadas que dás, mais passadiços que passes
os passos passam ao lado, chamam-lhe passos trocados
Cruzados nas cruzes que se cruzam nos dias
dias com 24 horas mas eu quero 24 vidas

Vestíbulo da solidão

Regresso hoje
 
esquecido pela nostalgia do tempo
 
onde as longínquas partículas
 
de solidão
 
se atraem em ânsias tão
 
caudalosas em excitação
 
 
E quando acordar
 
acendam-me teus gloriosos
 
lampejos de felicidade
 
onde deixei navegar de saudade
 
um cardume de beijos
 

Última fascinação

Envolvo-me em teu fogo
 
coberto de lavas incandescentes
 
tropeço no magma que geme
 
ardente encosta abaixo
 
percorrendo teu corpo audaz
 
em migrações tão loucas
 
afogando-me
 
com aquele ópio com que
 
perfumas todas as saudades
 
onde moram nossos felizes assédios
 
 
Fascina-me esta noite
 

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