Brincando com as palavras
Autor: Madalena on Tuesday, 12 October 2021PEGANDO E PAGANDO. ENCOMENDO COMENDO. EU ME RENDO COM A REDA!
Madalena Cordeiro
PEGANDO E PAGANDO. ENCOMENDO COMENDO. EU ME RENDO COM A REDA!
Madalena Cordeiro
Atrevido Natimorto
Porque choras por mim Homem de sonhos Eu sou incrivelmente etéreo como o refluir etílico do ventre santo
Sem nome para que tu possas difamar-me
Porque choras por mim Homem de sonhos
Sem nome sem lembranças por não ter nascido
Que tenho eu contigo atrevido natimorto se nem solene cerimônia De ataúde branco onde se colocam corpinho de anjo compartilhamos
Não sabia cantar o canto metálico do uirapuru Sabia ouvir pousado em um galho finissimamente onírico De longe o se põe a escutar Não sabia cantar o canto sintético do uirapuru Sabias voar rasante e tocar a barriga no espelho d’água Provocava uma ressonância quieta silenciosa Não sabia cantar o sinfônico canto do uirapuru Mas sabia ouvir e reverberar outros sons Sabias ficar quieto perto e distante ou mesmo tempo em outras palavras discreto, escreve roteiros com um olhar suave ele está longe e perto descansa em fulgores eternos.
Na lei do mais fraco nós somos a revolta social. Esquecido pela minha mãe, renegado pelo meu pai, a vida tornou-se um tufão: bagunçando tudo o que existe. Vim parar aqui nesta penitenciária sem perspectiva de vida, onde o tempo não passa e minha mãe[...]. Fui parar a meio a marginais com quais delitos são intangíveis a mim; aqui conheci o Fumaça. Garoto gente boa e bem tranquilo com as coisas.
OUTRA PÁGINA
Cai chuva no meu telhado
Chuva leve, miudinha
Bate no chão, escorrega
Como a agulha na linha
Ouço o tilintar das pingas
Uma a uma na varanda
O silêncio faz propaganda
Em tom doce e melodioso
A uma noite enriquecedora
Tranquila, compensadora
Avisa um amanhecer
Que ao acontecer
Trará uma nova página
E seremos nós a escrever
O rascunho dessa dádiva
Que tem por nome Viver.
Emília Lamas
Como pode alguém oferecer bondade
Se não a tem dentro de si?
Como pode alguém dar carinho
Se este não habita a sua essência?
Como pode alguém respeitar
Se não se respeita nem se sabe amar?
Como?
Ninguém pode dar aquilo que não tem
Mas pode porém
Começar a praticar
Como se piano quisesse tocar
A música entretanto treinada
Será sentida e projetada
Revelando o esplendor
De um sábio aprendiz.
Emília Lamas
O quanto importa o sorriso da foca?
O quanto importa ainda enjaular
Pássaros que deixaram de ser ariscos ?
Porque prender seres que voam intensamente?
O quanto importa o abraço do cão?
Sera que é atoa, o melhor amigo
Quanto importa o gato para Cecília
adotar?
O quanto importa a felicidade humana?
Que seja profunda e eterna a emoção...
Qual a receita da paz e amor?
Qual é o preço e o valor da vida ou da inflação?
Quantos pedágios caros vão nos cobrar?
Deus deu tudo a humanidade
Minina, casa cumigo,
Eu sô bão trabaiadô!
Com chuva não vou na roça.
Com o sol inda piorô.
***
Se ocê casar cumigo...
ocê não vai passar fome.
De dia cê come cobra.
De noite cobra te come.
Madalena Cordeiro.
Menina, casa comigo,
Eu sou bom trabaiador!
Com chuva não vou a roça.
Com o sol inda piorou.
***
Se você casar comigo...
Você não pssará fome.
De dia você come cobra.
De noite cobra te come.
Madalena Cordeiro.