Prosa

Devaneios: Socio l

Que mundo é este, em que insanidade é confundida com criatividade. Onde a luxuria e o materialismo realçam a preputencia humana e reverte o ideal de igualdade entre os povos.

Somos cercados por sistemas que utilizam a palavra mais pura de forma contraditória sempre em busca de um voto ou da melhor forma de aproveitar da fraqueza do próximo.

Mais real é a sinceridade de quem sonha. 

Tédio

O silêncio da noite exibe a inutilidade da vida. O cachorro ladra na casa ao lado e ninguém se incomoda. Faz parte do cenário modorrento da rua indolente. As luzes do bairro estão fracas. As pessoas conversam banalidades em grupos de whatsapp. Não estou com paciência pra elas. Na verdade não tenho paciência pra mais nada. Cada nova pessoa que aparece é só uma cópia das outras. Não há nada de interessante. O tédio corrói. Tudo que tento fazer é em vão. Todos os dias terminam como essa noite.

Tudo ou nada

Tudo ou nada...
 
Eu sei muito bem 
de onde provêm 
estas minhas mágoas
por me achar que não sou de nada,
às vezes até me magoa
quando assim do nada
acabo por encontrar quase 
um pouco de tudo
é só deixar que tudo 
num pouco de muitos 
dê mais vida e alento
à existência sublime 
de quem nada tem
e tudo quer
 
deixo por fim que esse 
pouco de nada

Neste mundo...

Neste mundo...
 
Há neste mundo 
tantos duros desenlaces 
pequenas mas felizes alianças
tudo se dá ao amor
quando nos apetece
quando outras vozes à deriva
se perdem em cada esquina
onde a veracidade amadurece
 
Há neste mundo
tantas almas cativas
invertidas na solenidade dos tempos
implorando verdades
reconstruindo sonhos
prazeres e ambiguídades
morrendo ingénuas

Imagem e semelhança

Imagem e semelhança
 
Agora é tempo de confraternizar
nada contradizer
porque afinal é esta
a hora matemática
em que escolheremos
pragmáticos, afinal
entre o bem e o mal
resistir sem contrapartidas
sem sequer antagonizar
com aquelas manhãs 
coloridas de uma auréola postiça 
investida de mais esperança
coniventes e até imunes
aos gritos clementes
de quem não tem

Clausura

Clausura
 
Sinto-me reerguer, 
hoje ao culminar
o dia em prantos 
desfigurando cada lágrima 
comprometida e pálida
caindo pela face,
redimindo a fé imensa
que meu canto resguardado
num eterno desenlace 
me amordace 
e fortaleça nos abraços teus,
depois de tanto embaraço
resisto ao desembargo vagabundo
dos trilhos que a vida leva
levada por tanta injustiça

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