O Anjo Voou II
Autor: António Cardoso on Wednesday, 7 May 2014Vais embora e deixas-me ficar,
Sozinho neste sitio onde te costumava contemplar.
É obvio que eras a mais impossível missão,
Vais embora e deixas-me ficar,
Sozinho neste sitio onde te costumava contemplar.
É obvio que eras a mais impossível missão,
Vejo que estás para partir,
Pensei que houvesse mais tempo, pensei.
Só me apetece para longe fugir,
ADEUS MEU AMOR
Procuro atentamente em teu rosto,
um olhar, um sinal de esperança,
algo que exorcize o desgosto,
que corre veloz e me alcança.
Em teu rosto a tristeza perdura
e o meu sonho de dividir contigo
alguns anos, com amor e ternura
esfume-se no olhar, que não esqueço
minando o caminho onde sigo,
mas o fim, não é mais que um recomeço.
A tua face etérea á luz da aurora,
mãos cruzadas, segurando a flor,
marcante imagem, que não vai embora
presa ao peito, acorrentado à dor.
Este gosto amargo na minha boca
Esta boca faminta e sem desejo
Este desejo de fugir da vida
Esta vida salsa e sem importância
Esta importância que tem a tristeza.
Esta tristeza de quatro paredes
Estas paredes azuis como o céu
Este céu que não é minha morada
Esta morada de vil solidão
Esta solidão própria do poeta.
Este poeta soez, sem a amada
Esta amada presente na saudade
Esta saudade que traz um alento
Este alento que se esvai com as horas
Estas horas de uma singela tarde.
Que te regues por si só, minha pequena margarida
E que não haja nesse mundo quem lhe possa acalentar
Pois só assim descobrirás que não é só a luz solar
Que lhe irradia essa vida sedutora e tão querida
Que te valas por si só, com nada mais que acrescentar
Que nem o brilho das estrelas nem a forma de sua vida
Ora conduzam tua alma tão sincera e tão ferida
Para os ventos desse mundo que não passam de algum ar
Num mundo de erros iguais
E de coisas más, mas boas,
A vida sempre valerá
Mais que certas pessoas.
Sempre foi
E sempre será
A realidade do agora.
Mas o que dói, doerá
Porque na verdade
Nunca irá embora,
Contudo cabe-nos sorrir
E encobrir com falsidade
O ostensivo carpir
Que fazemos à felicidade.
Teus olhos