Tristeza

Embarco nesta viagem que me tem cativo

Embarco nesta viagem
que me tem cativo.
Um tempo de passagem
com um efeito corrosivo.

Cada dia que passa
perco um pedaço,
nesta vitória sem taça
que procuro no regaço
da minha saia sem regaço.

A vida foge-me das mãos
e eu tenho que comandar o barco.
Num frenesim de conduzir e procurar
vejo, ao fundo, a morte como marco
num perene afundar.

Sinto-me conformado…
De partida em partida
parti, mas nunca, apartado,
me vi da vida abandonado.

Até acabar naufragado…

Pudica

A nudez impudíca

dessa parede branca

não me deixa esquecer

do mal que me abocanha.

 

Antes da outra,

já sinto a morte

de saber inúteis os planos

e impossíveis os sonhos.

 

Senhora da única certeza

e o fim das possibilidades,

sinto-a represar o rio

que naveguei.

 

Em que porto, aportarei?

Dúvidas

Muitas dúvidas existem dentro de mim,

Não sei, um dia talvez te entenda e elas tenham fim.

Não há nada que mais me agrade do que te ver sorrir,

Mas quando vejo esses olhos que não são meus, só me apetece fugir.

A tua alma é igual à minha, mas o teu corpo não me pertence,

Por mais que eu lute por ti, meu amor nunca vence!

Sobrevoei por centenas de terras, procurando te encontrar,

Versos Soltos 6

(Talvez Seja Este o Fim – Sexta-Feira)

 

Estou à muito deitado,

Mas não consigo dormir.

Não tenho sono mas estou cansado,

Só quero morrer ou fugir.

 

Ainda hoje acordei com vontade,

Com vontade de te abraçar e te ver.

A pensar que eras tu a minha metade,

Que faltava para me preencher.

 

Como dói estar tão enganado,

Tristeza

Se tristeza tivesse
Sem sentir alegria,
De tristeza não viveria.
Se daí viesse mal algum,
Não nasceria de mim
Por não sentir nenhum.
Da tristeza, alegria faria,
Se só tristeza tivesse.
Cuidando bem dela,
Tudo seria alegria,
Se viver fosse com ela,
Também com ela morreria.

Ódio

 

J. senta-se na mesa, puxando a cadeira gasta pelo soalho sujo...à sua frente, folhas de papel e um lápis mal afiado, roído dos nervos.
J. pega no lápis, olha para a ponta e, a tremer, começa a escrever...

O teu nome em mim ficou gravado
Sem nunca ver a tua face verdadeira
Rasgar-te esse sorriso perverso e imoral
Destruir o teu rosto cruel, e afogar-te no teu fel
És uma falsidade que o mundo não vê, e eu não consigo afastar-te

canção da saudade

O que faço com a saudade?

Que lhe digo?...

Minto-lhe com os dentes cerrados , ou simplesmente digo-lhe a mais crua verdade?

Faço de conta, que não a sinto no meu peito...

Ou apenas me deixo levar pelas lágrimas que correm pelo meu rosto abaixo...

E não ligo a nada...nem a tudo que lhe diga respeito.

O que faço com a saudade?

Afinal de contas, que lhe posso dizer?

Que volte a ser como antigamente...pura e simplesmente sem maldade.

Estou farta de fingir que não sinto falta daquilo que me faz sentir saudade,

Mais Coisas Sobre a Vida

A vida é assim um dia começa, noutro tem fim,
E eu aqui espero não pelo não ou um talvez mas sim por um sim.
O tempo passa a chuva cai mas não me acontece nada,
Mas inda assim acordo todas a manhãs para esta rotina stressada.

 

Dizem que estou a ficar doido, por não fazer as coisas da mesma forma,
Esquecem-se que sou diferente, que sou eu e não sigo nenhuma norma.
Às vezes pergunto-me como seria se tudo fosse melhor, diferente,
E chego à conclusão que o problema está fora, e não na minha mente.

Amor e Carinhos

Estou dividido entre dois caminhos;
perdido entre Amor e Carinhos.
Quero Amor e não quero!
E quando não sei se me querem
desespero com actos e palavras que ferem.

Enquanto os Carinhos vêm de suave;
tanto que não os sinto chegar.
Afagam-me o coração, esta trave
que parte de pesar:

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