DEMAGOGIA

DEMAGOGIA

Neste mundo de caos, de que vale rezar, pedir, implorar
Se as mentes são duras e os corações empedernidos
Destes líderes sem sentimentos, precoces no enganar.
Tudo promete. Sórdidos, sem ideias mas convencidos.
Promessas, feitas de palavras de fé e esperança
Proferidas num querer que nos toma e arrebata
Amenizam a tempestade, prevalecendo a bonança
Onde vegetando se vive, num sofrimento que se arrasta.

Destino do poeta

DESTINO DO POETA

Um homem saiu de casa
nem sequer olhou p'ra trás...
Bateu-lhe o vento na asa
e voou de encontro à Paz.

Não era um homem vulgar
por ter porte de profeta.
Saiu... Se alguém o encontrar,
pode chamar-lhe: Poeta.

Voou por entre as estrelas
e doces mensagens leu...
Só brotam palavras belas
dessas nascentes do Céu.

Poetas vão traduzindo
o que a natureza diz...
Escrevem dores, sorrindo,
para quem não é feliz.

Amor Naufragado

AMOR NAUFRAGADO

Nunca perto, sempre longe, sem domínio e sem cadência
Navego na noite escura sem estrelas, à luz das velas
Sem rumo nem orientação, sou um náufrago da tua demência
Perdido neste mar de sentimentos, sem portas e sem janelas.

Deste amor navegante que se perdeu no mar e naufragou
Por não encontrar um porto de abrigo, farol ou uma luz acesa
Flutuando há deriva não resistiu a tanto rombo e se afundou
Nos vis baixios do ciúme contra os rochedos da incerteza.

A morte do menino poeta

A MORTE DO MENINO POETA

E tu menino, homem, poeta, de olhos cansados escutando os sons roucos, das palavras sem nexo nesta escrita de loucos, neste poema corrido, onde a perseverança é nublada por pensamentos vestidos de negro decantados na desilusão da espera e trajados em crepúsculos pálidos da incerteza. E as frases dos teus poemas jazem vencidas caídas varridas para esse abismo profundo de solidão. E a sorte, essa, amarga e profana até na morte, cai em mergulho profundo, asfixiando-se por entre ais e lamentos numa mortalha lírica coberta por aromas de cedro e de rosa.

A MORTE DA JARARACA

A JARARACA CORREU,
PRA MINHA BARRACA E ENTROU. 
FIQUEI COM PENA DA COBRA,
QUANDO A MATARAM, COITADA!
TAMBÉM POR QUE A BENDITA, 
FOI SE ESCONDER NA BARRACA?
FOI O QUE PENSEI NO MOMENTO,
EM QUE ASSISTI SUA MORTE.
MAS HOJE LAMENTO TANTO...
A SUA FALTA DE SORTE.
COITADA DA POBREZINHA.
NENHUM MAL QUIS NOS FAZER...
LÁ FOI A SUA MORADA, 
O INVASOR DO LUGAR FUI EU.
MAS O MEDO FOI MAIOR...

Almoço protocolar da entrega do Prémio de Literatura da Associação Portuguesa de Escritores

Almoço protocolar da entrega do Prémio de Literatura da Associação Portuguesa de Escritores ano de 1993 - "Atribuído a Agustina Bessa - Luís". Identificação da esquerda para a direita. Prof Dr. Keith Allen, José João Murtinheira Branco, Presidente da Republica Dr. Jorge Sampaio, José Manuel de Carvalho Marques.

DIFERENÇAS

AS VEZES PENSO QUE O MUNDO!
ESTE EM QUE ESTOU VIVENDO.
NÃO É O MESMO QUE EU...
GOSTARIA DE ENCONTRAR =ME A VIVER.
AS PALAVRAS NÃO SÃO AS MESMAS...
QUE QUERO FAZER-ME OUVIR.
TAMBÉM SEI  QUE MUITAS VEZES...
EU... NÃO OS QUERO OUVIR!
MAS NÃO ME IMPORTO .
SEI QUE SOU DIFERENTE.
E ESTA DIFERENÇA,
FAZ  SENTIR-ME,  ESPECIAL.
NÃO QUERO MUDAR O MUNDO!
MAS NÃO QUERO, A NINGUÉM, SER IGUAL!

SONHADOR

UM DIA PENSEI SER POETA.

ACHEI QUE SENDO POETA,

PUDESSE VER...O MUNDO MELHOR!

SENDO POETA, DESCREVERIA O AMOR.

AQUELE QUE FAZ SONHAR.

QUE FAZ AS PERNAS TREMEREM...

A MÃO SUAR!

O AMOR QUE FAZ O CORPO PEDIR,

QUERER SENTIR, O QUE O OUTRO TEM PRA DAR.

SENDO POETA, DESCREVERIA O MAR ,

COM SUAS PRAIAS DESERTAS, ÁGUA CRISTALINA.

OU ATÉ MESMO O BURBURINHO INCESSANTE DE PESSOAS.

DEITADAS AO SOL.

CRIANÇAS NA ÁGUA COM UM PAI A OLHAR,

CUIDANDO, PARA ELA NÃO SE AFOGAR...

Luzes

As luzes da cidade anunciam

O inverno está chegando

E no céu as estrelas esmaecem 

Com medo da escuridão.

Tudo que eu queria era ver aquela estrela

Que perto da lua brilhava

E logo esvoaçava

Na infnita imensidão dos seus olhos.

 

E o som do mar, o som do vento, de nós

Perdeu força

Para o som dos motores

Para o som dos tiros.

Tudo que eu queria era ouvir aquela música

Que diz que o amor

É coisa para profissional.

 

E as arvores, serenas e nobres

caíram

Pages