Pergunto à morte

Sobre como será a minha morte?
Prefiro pensar como doerá,
sucumbirei sozinho e sem suporte?
Ou será que dormirei numa cova?
Será então que o pessimismo some?
E não mais escreverei sobre a póstuma
asneira já então lida com porre?
Na garganta nós tomaremos a hóstia
engolida na língua do pecado? 
Só espero, enfim, respirar a opaca,
vil, maldita e sórdida dona morte.

 

Desafio

Temos agora um novo desafio,
será mais difícil do que já é.
Estou certo nas minhas convicções,
mas também tão perdido.
A aurora da minha vida é agora,
levanto dos ossos destroçados
para enfim viver com mais fé.
Estava morto e inerte na cova,
confortavelmente triste e só,
agora arrepiado na vivaz
aurora da minha história.

ASTRO AZUL

 

 

 

na veemência do verbo

que se faça vigorar uma benção

 

com esta deliberação:

-sonhar!   

 

fixando nas estrelas

a fonte de toda a paz

 

traçando meandros

e ensejos humanitários

 

determinando às hordas

que cumpram as leis do amor

 

e restituindo a esperança

ao nosso astro azul

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A doença da moral

Nem com um milhão de ensinamentos
pode-se morrer ligeiramente virtuoso.
A virtude sofre das mazelas do mundo,
decai sobre todas às almas pecadoras,
se corrói nas entranhas da matéria;
Como um parasita, suga o espírito.
A virtude enferma o homem doente,
o enfraquece com um suposto ideal.
Diria que a virtude é a doença sem
prognóstico, mas até estimulada
pela medicina: nossos valores morais.

Da brincadeira de amar

O desejo de amar faz do homem
um ventríloquo do mero acaso.
O peito pula e grita como lástima,
se preciso, queima a centelha
necessária pra se viver ouvindo.

O amor sacrifica o orgulho,
é uma liturgia dos antigos deuses,
uma espécie de velho augúrio:
Ritualiza o pecado e invoca
o sublime e puro bem-estar.

AMAVÉL SANTUÁRIO

 

 

 

fiel sacrário

 

templário sagrado

 

exotérico

 

não mais que isto

 

não mais do que seja

 

benfazeja consagração

 

sacro hinário

 

sacrossantos cânticos

 

santos encantos

 

para se louvar

 

no simbólico santuário

 

que em nós faz moradia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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