Poeta aleatório

Meus bastardos gloriosos
Um recado a vós:
Quero acordar e não ler
Nenhum poema de minha
Autoria, especificamente
Os poemas sobre a política
Ou a crise mundial;
Gostaria de escancarar
A nudeza, não do corpo, mas
do espírito, este que irá ao inferno
E voltará sem vos dizer o fim
A tristeza e a hipocrisia fascinam-me
Sem ambas não posso enganá-los
Muito menos fingir uma dor
Que não há: Oh Cecília, por onde
Percorre vosso rosto? Nas páginas
De tuas prosas delirantes ou

Sísifo vive ao teu lao

Pegue-o antes que seja tarde
Traga-o a lucidez sem alarde
Um dia ele agradecerá Jó:
O da bíblia extenuado e só
Viverá pelejando abstinência
Ao berrar ao céu tua clemência

 

Puxe-o do sofrimento perene
E o jaz na crist(ã)lina pedra solene
A que desgraça Sísifo
Na absurdidade das rochas gastas

 

O silêncio que tudo diz

O silêncio sempre foi uma lei
Era uma espécie de verruga
Onde cada cutucada, uma praga
Gritava sob as entranhas d’alma
Passaram décadas e milênios
As necroses foram aumentando

‘’Enquanto guardei silêncio, consumiram-se os meus ossos pelo meu bramido durante o dia todo.’’

O sol me congela em sua fervorosa
Resplandecência

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