Extra-sensorial

Um silêncio extra sensorial flui nas pétalas do tempo marginal
Qual flâmula luzidia flameja casual, acidental…tão crucial
Já amadurecida a solidão plagia um intenso sussurro quase fatal
 
Este silêncio extra sensorial ausenta-se num lamento tão factual
Nutre a derme de minh’alma derramada num harmónico desejo viral

TEXTO EXTRAÍDO DE "POESIAS COMPLETAS DE ALBERTO CAEIRO"

 

 

 

"O que existe transcende para mim o que julgo que existe.

A realidade é apenas real e não passada".

 

 

                                                                 Fernando Pessoa                                                           

 

O Tempo triste

O tempo saboreia todas minhas veias
Um conglomerado de células
Desimportantes para este senhor
Consumidas também
Sem piedade pelo assustador espelho
Não é com a aparência
Que me preocupo
E com que eu prego no mundo
Eu me sinto triste ,
Para que esconder o que sinto ?
Os trocados de afetividade são os
que servem ,
Entregues para quitar a anti alegria
Viver preparando os retalhos
Para cortinar a sala durante a refeição do tempo,
De profecias particulares
Um tiquinho de felicidade

Desânimo da natureza

O anseio das inquietações mundanas me enferme. É maldito o tornado de premissas, onde assopra as conclusões nevrálgicas do pensamento. Farfalha em nuances consideráveis, na violação das raízes da verdade. Do que adianta as escondidas mediações em meus frutos joviais, se o devaneio trágico, como praga, desola meu lavradio? Natureza-morta será a unanimidade do campo caso a ação não atue. Não deixarei os galhos quebrarem, garanto que não, mas acho tão enfadonho regar; os humanos como são, dissaboreia a apatia, feito gafanhotos que esporadicamente somem, mas retornam.

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