sou aquele ser susceptível
ao que pressente
na pele
nas córneas
nas orelhas
em todo o trato com a vida
sou indício
de uma dor aguerrida
tão sofrida
tão volúvel
que mal se encaixa
nesta minha lida
são ideias
as treliças do homem?
são atalhos
os percursos da paz?
são agrícolas
as flores urbanas?
são vaidades
os fundamentos do mundo?
quando me solicitam
os passos
sigo à salvo entre escarpas
e labirintos
rumo à eternidade
percorro uma variedade
de descaminhos
que me trarão
outros tantas direções
além desta, irrevogável...
Eu sinto nas minhas mãos
as coisas desvanecendo
como poeira cósmica.
Percebo nas existências
efêmeras meu desejo,
a vontade de voar
seja no cosmo ou então,
o desejo de limpar
a poeira da sujeira
póstuma.
sou de barro
e vigas maleáveis
mas me coube
a imposição
de fundar o mundo
como quem muda
a conduta
das leis acabadas
cabendo-me a fortuna
de ser carimbado
na alma
como um requisito
do ser
A BÍBLIA
O nascimento de um livro é mais forte do que o nascimento de uma pessoa. Por quê? Porque a pessoa nasce e morre. E o livro não. Se queimar um livro, aquele ali morreu mas, nas livrarias tem mais.
releio os dias
como a uma novela:
segredos do sótão
que só se comprazem
em subterrâneos
releio os dias
nos poros expostos
de minha história
que só incorporo
após a autocrítica
releio os dias
em outros olhos
com uma exortação
que faculta a visão
de outros olhares
só se percebe
o que se deriva
da nostalgia dos sentidos
suprimindo seus ecos
na torre inquieta
do futuro imediato
que ao confrontá-los
irá conduzi-los
ao esquecimento
frente ao que já estiver
plenamente consolidado
