Prosa Poética

Num dia de verão...

Já nem sei mais encobrir
 
o delicado e esbelto verso meu
 
mil vezes repetido,
 
tantas vezes ousado
 
à tua espreita, sorrateiro
 
tantas vezes tatuado no dorso
 
nesta manhã predileta
 
mendigada
 
em dois corações conversos
 
desesperadamente felizes e audazes
 
 
 
 

E daqui...ainda és mais bela !

Entre meus autênticos momentos
 
estão pra ti
 
sucessivamente guardados
 
cada transcendente fiel contemplação
 
do teu ser frágil, onde te imagino
 
cuidadosamente enamorado
 
porque daqui
 
onde te espreito…és ainda mais linda
 
de cortar até a respiração
 
ficando minha existência na órbita
 
da tua excelsa morada

Cartografia do silêncio

Ouvi pequenos trechos de silêncio
 
anexados às margens deste eco
 
onde levitam doces palavras
 
declamadas naquele beijo
 
que interpretamos como protagonistas
 
viciados de amor
 
transformando a foz do tempo
 
em tons perfumados
 
de jasmim ou em promessas casuais
 
depois de mais um dia em silêncios
 

Permissão

Eu não sou mais aquele. Até quando tento me ver pelos olhos alheios, não consigo me reconhecer. As tardes antes tão modorrentas continuam arrastadas, mas não as sigo mais. Aprendi a apreciar antes de querer. Enquanto puder contemplar tudo aquilo pelo que tiver que passar, tudo será bem-vindo. Eu assisto a mim mesmo caindo nas mesmas artimanhas antigas, sabendo que passarei por tudo de novo, as mesmas paixões e o mesmo destino, e tem uma parte de mim, bem escondida, que se diverte com a repetição, em saber e deixar acontecer.

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