Prosa Poética

A chuva partiu

Diante de ti sufraguei  meus votos
 
ponderados
 
temperadamente extraviados
 
ao luar esfíngico
 
iluminando nossas miragens
 
cegas, desesperadas
 
naquele eco acelerado
 
onde veementes iludimos unidos
 
o traçado poético da vida
 
na rota dos ventos
 
qual chama inapelável que brotou
 

No curso dos ventos

Invade meus labirintos
 
espreita-me debaixo
 
dos lençóis solitários onde
 
me escudo faminto
 
visionando todas os teus
 
mais secretos e flagelados sonhos
 
 
Cobiça-me fervilhante
 
ante a noite inóspita que
 
me acendes de expectativas
 
rejuvenescidas e tácitas
 
quando nossos seres apetecidos

Ondas silenciosas

Nasceu todo meu dia
 
aperfeiçoando repetições passageiras
 
das mais geniais rimas
 
onde te preparo em cantos
 
eternos, escritos
 
como chama literária
 
sentada em minhas mãos
 
dialogando harmoniosa e itinerária
 
nosso agrado que se apressa
 
feliz e sem escusas temerárias
 
 
Provei tuas ondas silenciosas

Céus perdidos

Quando eu souber
 
acreditar
 
que foi esta inspiração
 
sôfrega
 
que assim nos uniu
 
cegamente desafiando
 
razões ou pareceres
 
abrigados em tantas
 
das nossas felizes maluquices
 
descansarei então finalmente
 
meus medos
 
secretamente arrumados na escrivaninha
 

Formato do meu coração

Retoquei todos os sentidos
 
configurados em cada pensamento
 
doado em uníssono
 
sem tempo
 
nem duração efémera
 
onde formatamos apaixonados
 
nossos corações
 
arregalando os olhos ansiosos
 
e loucamente trajados
 
de recíprocidades tão graciosas
 
 
Falei devagarinho
 

Em vigília

Quis sentir
 
o gosto apaladado
 
nesse teu jeito voluntário
 
com que me embriagas espontânea
 
tão plena e solidária
 
 
Quis repartir
 
dois tempos de mim
 
em breves momentos em que
 
me cinjo aleatório aos teus
 
mágicos sorrisos
 
que me ofertas
 
em pedaços solitários de amor

O céu chorou

Vacilei no dia
 
enquanto esperava
 
só amar-te em cada detalhe
 
aperfeiçoado em dádivas
 
que o corpo suplicante mordia
 
 
Embrenhei-me em ti
 
acossado exepcionalmente
 
ao mudo verso que penetra
 
provocante em tuas searas
 
padecidas
 
machucadas
 
que desta luz mortiça

Pages