Prosa Poética
Mau Sangue
Autor: Rimbaud on Friday, 8 February 2013
Herdo de meus antepassados, os gauleses, os olhos azuis-claros, a
fronte estreita, e a falta de jeito para a luta. Sinto que minhas roupas
são tão bárbaras quanto as deles. Apenas não unto a cabeleira.
Antigamente, se bem me lembro...
Autor: Rimbaud on Thursday, 7 February 2013
Antigamente, se bem me lembro, minha vida era um festim no qual todos os
corações exultavam, no qual corriam todos os vinhos.
Uma noite, sentei a Beleza em meus joelhos. - E achei-a amarga. - E injuriei-a.
Armei-me contra a justiça.
GÊNIO
Autor: Rimbaud on Thursday, 7 February 2013
Ele é o afeto e o presente pois abriu a mansão ao inverno espumante e ao
rumor do verão, ele que purificou a bebida e os alimentos, ele que é o charme
dos lugares em fuga e a delícia super-humana das estações. Ele é afeto e o
futuro, a força e o amor que nós, pisando sobre ódios e tédios, vemos passar
DEMOCRACIA
Autor: Rimbaud on Wednesday, 6 February 2013
“A bandeira se agita na paisagem imunda, e nossa gíria abafa os tambores.
“Nos centros, alimentaremos a mais cínica prostituição. Massacraremos as
revoltas lógicas.
“Em países dóceis e picantes! — a serviço das mais monstruosas explorações
DEVOÇÃO
Autor: Rimbaud on Tuesday, 5 February 2013
Para minha irmã Louise Vanaen de Voringhem: — Sua boina azul voltada
para o mar do Norte. — Para os náufragos.
Para minha irmã Léonie Aubois d'Ashby. Bah! — a erva do verão barulhenta e
fétida. — Para a febre de mães e filhos.
MOVIMENTO
Autor: Rimbaud on Monday, 4 February 2013
O movimento oscilante nas margens das quedas do rio.
O abismo na popa,
A rapidez da rampa,
A passagem imensa da correnteza
Levam por luzes inauditas
H
Autor: Rimbaud on Sunday, 3 February 2013
Todas as monstruosidades violentam os gestos atrozes de Hortênsia. Sua
solidão é erótica mecânica, sua lassidão, dinâmica amorosa. Sob a vigilância
de uma infância, ela tem sido, no verão de numerosas épocas, a higiene
ardente das raças. Sua porta está aberta à miséria. Lá, a moralidade desses
BOTTOM
Autor: Rimbaud on Saturday, 2 February 2013
A realidade sendo espinhosa demais pro meu grande caráter, — me vi na casa
de Madame, um imenso pássaro azul cinza voando até as molduras do teto e
arrastando as asas nas sombras da tarde. Eu fui, aos pés do sobrecéu que
sustentava suas jóias adoradas e suas obras-primas físicas, um imenso urso de
TARDE HISTÓRICA
Autor: Rimbaud on Thursday, 31 January 2013
Em qualquer tarde, por exemplo, em que se encontra o turista ingênuo,
indiferente aos nossos horrores econômicos, a mão de um maestro anima o
cravo das campinas; joga-se cartas no fundo do lago, espelho que evoca
rainhas e favoritas; há santas, véus, e fios de harmonia, e os cromatismos