Prosa Poética

PORTAL DO TEMPO

Recostei-me ao portal do tempo, musicando todas as
Curta-metragens que ali fluiam numa sequência de horas
Sedentas de uma projeção tão incomensuravelmente tridimensional
 
Nos céus um silêncio quase apocalíptico amara numa nuvem tão indigente
Desaba depois qual aguaceiro sobre a derme das palavras mais convergentes
Soa dentro da alma como um adstringente murmúrio tão catalítico…tão urgente
 
Dos olhos tristes saem secreções de uma lágrima perene, aromática e pungente

Roteiro

Meu erro é ser valente demais.

Querer ser o herói do mundo.

Busco por equilíbrio.

Mas vivo em delírio profundo.

 

Minha mente é um turbilhão,

Penso além de mim.

Me vejo o protagonista,

Mas... sou apenas o figurante

 

Desse roteiro que se chama vida.

Mas não menos importante.

Olhar amblíope

Com seu olhar amblíope o tempo distrai-se no hemisfério
Das escuridões, mais circunflexas, quase , quase desconexas
Adorna a íris da noite esquecida entre os cílios da solidão convexa
 
No centro das dioptrias simétricas, elípticas e tão excêntricas esvai-se
O Tempo pífio ignobilmente travestido com mil lacaios segundos estultos
Nos céus escuto um irrisório lamento súcio escorrer pela face dos silêncios ocultos
 
FC

Trago o silêncio no paladar

Das minhas veias escorre um silêncio sereno e triunfal
Trauteia uma melodia velejando nesta escuridão escultural
Traveste a noite maquilhada por esta luminescência descomunal
 
Trago no paladar este silêncio tão frágil, tão volátil, quase vulnerável
Apascenta a mais magnânima prece desenhada num luar imensurável
Algema todas as palavras vagueando no colírio das lágrimas tão indecifráveis
 
Às duas por três o tempo expande-se a cada segundo felino e resignado

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