Prosa Poética

O Milagre tarda

Ouve-se a harpa intocável da poesia Outonal

inclinada para o nada,

tenho saudades de nós,

da nossa primavera naquele banco distante.

 

Meus pássaros batem as asas

contra O milagre que tarda,

precisam dos teus ombros para repousar,

há tanto dentro para viver

e os meus pássaros teimam morder as cordas,

as fibras e os nervos toda a hora.

 

Dois corações famintos morrem

Pássaro no Deserto

No ar que inspiro,

quero a tua boca em fogo que amanha o grito,

minha boca na tua  boca sorva as sílabas

até ao silêncio  da sombra desta escrita.

 

Sacia a fome e a sede neste livro

de alma inquieta,

percorre o próximo instante

por entre as flores do olhar roubado

que leva o silêncio à boca.

 

Nesta ondulação vaga de olhares,

a ante-manhã transparente,

Terra de água

A mulher errante não quer mais casa,

nem cama,

nem mesa,

coloca toda a vida nos vendavais.

 

Nasço só para ser a tua boca,

a mais próxima da minha.

Beijos de fogo

com seus sismos de silêncio

 que ensinam a florir.

 

Respira apenas o fogo indefinido e

guarda muitos nós antigos na

funda da derme para explicar quem é,

é terra de água.

 

Esperança

Chegarás de mansinho,

perfumando as sombras do Jardim,

encarnada na mais bela flor

que o campo do meu coração acolhe,

e não deixarás nunca a minha Alma sangrar.

 

Chorarei  de alegria,

para que dela faça uso.

 

Gila Moreira 21/03/2014

Para ti

Falo de ti ás pedras da minha rua,

se vens e pisas o caminhar,

sempre que de mim se desnuda,

está sempre presente o teu olhar.

 

Esse que eu imagino e não vejo,

em busca do vazio do céu,

onde o sol ilumina é desejo,

as estrelas na noite o seu véu.

 

Gila Moreira 

O Silêncio do sonho

Levanto-me do silêncio do sonho,

e o coração pernoita no vértice do naufrágio

somente para escrever-te.

 

Aquecemos os corpos dormentes

no labirinto mais fundo

de ausência e vazio rubro.

 

Tanto sol no colapso e

tanto barco na solidão

dilacerando o obscuro tacto do amor furioso.

 

Aqui escorre o teu nome,

escorre o sangue no oculto desejo,

escorre os ventos contrários,

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