PARTIDA E REGRESSO
Autor: NELSON DE MEDEIROS on Monday, 22 April 2013
De teu peito fremente qual vulcão feroz,
Emergem mansamente tuas cruas mágoas...
À tarde, do arroio quando se escuta as águas,
Vem a lembrança de tua branda voz.
Amas brincar c`os sons, amas a melodia,
Povoar os refúgios dos gentis ouvidos.
Teu cantar se compara aos matinais gemidos
Que o pássaro sobre o arvoredo preludia.
Em teus lábios lhanos de alegria os sinais
Nos saraus espalham-se como uma cascata;
Aos suspiros de Orfeu soturno são iguais.
Destemido cavaleiro viajante
Que percorres planícies sem ter fim
Num galope solto, e elegante
Neste teu Cavalo de marfim.
Cavalgas sem medo, de guerreiro
Buscando o horizonte que perdeste,
Embora já cansado percebeste,
Que esse horizonte está lá, é verdadeiro.
Sem medo vais em frente e não desistes
Sabendo o que nessa viagem te espera
Embora longa e tortuosa, essa quimera…
Meu coração é um porto abandonado
Que os barcos passam, mas não param nunca;
E buscam, juntos, um novo traçado
Que longe esteja da maré adunca.
O teu amor é um barco sem destino
Que não atraca nunca no meu cais;
E passa longe do meu porto pequenino:
Segue perdido e não volta mais.
O meu olhar longínquo, na esperança
Do teu amor que passa lentamente,
E não atraca no meu coração;
É o cais vazio ao teu barco que encerra
No ancoradouro do meu porto de repente
Uma saudade e uma solidão.