Tristeza
Vazio de Natureza
Autor: Reirazinho on Friday, 31 March 2023Contrário a Alberto Caeiro, sinto-me vazio,
Vazio não só das partes do meu corpo, mas da Natureza,
E da vida, reles vida consumindo-me as raízes,
E dos preâmbulos da morte regando a lama,
E de tudo que nada planta sentido.
Sou um homem da Realidade constante,
Sou um relógio sedimentando o fim,
Sinto-me vazio de Natureza e temporalmente perdido.
Uma muda do século passado,
Já não há jardineiro fitando-me,
Ainda há tempo
Autor: Reirazinho on Friday, 24 March 2023Pausa nas atividades e contemplando a morte (ou possível morte).
Uma pessoa na qual faz a diferença
hoje visitou o hospital,
viu provavelmente tua vida passar aos olhos,
e a família vê o anjo da esperança guardando-a.
O melhor de mim
Autor: Reirazinho on Friday, 17 March 2023Será que estou dando o melhor de mim?
Deve ser insuficiente o esforço.
Tem gente que sangra até o fim;
se exaurem, já eu, torço.
Embarco na ínfima sorte atípica,
com o acaso caso-me por aí:
a vida por hora não é fatídica,
nem aqui, nem daí.
Viajo sem responsabilidade,
viajo a cem neurônios por segundo,
e penso numa possibilidade:
dou conta desse mundo?
Voando na contramão
Autor: Reirazinho on Friday, 24 February 2023A vida vai para frente, ao menos deveria ir. Quando se vive no subterfúgio de sua própria mente, ou nas vis ilusões trancafiadas na angústia, a alma voa para trás. Fracasso continuará sendo seu substantivo mais ingrato. Em vão você tenta, tenta nas míseras chances de se recompor, mas cai. Cai do prédio, cai da cama, cai da vida. Infeliz é o homem caído abandonado pelos céus. Não tem ninguém para te puxar a mão; seja o próprio Ícaro, só que sem um deus para te malograr.
Sentimentos
Autor: Reirazinho on Wednesday, 25 January 2023O sentimento a flor
da pele me faz real.
Ele me faz contrapor
o sentido mais leal:
minha reles intuição.
Odeio sentir demais,
são como as dinamites,
mas com o pavio curto:
explodindo abruptamente,
e os destroços eu furto,
com a reles intuição
recolho meus limites.
Fui pedir perdão a Deus.
Autor: Maria Carmo on Friday, 13 January 2023Os tais sofredores
Autor: Reirazinho on Tuesday, 10 January 2023O cinza som de teu coração
Autor: Reirazinho on Friday, 6 January 2023Hei de transmitir o fim
do ruído de tua dor.
Caço tim-tim por tim-tim
o teu som frágil, sem cor.
Sem cor num mundo tão surdo,
monocromatismo vil,
alta mágoa causa expurgo
sem o som de nota mil.
Pergunto à morte
Autor: Reirazinho on Wednesday, 28 December 2022Sobre como será a minha morte?
Prefiro pensar como doerá,
sucumbirei sozinho e sem suporte?
Ou será que dormirei numa cova?
Será então que o pessimismo some?
E não mais escreverei sobre a póstuma
asneira já então lida com porre?
Na garganta nós tomaremos a hóstia
engolida na língua do pecado?
Só espero, enfim, respirar a opaca,
vil, maldita e sórdida dona morte.