Tristeza

Pergunto à morte

Sobre como será a minha morte?
Prefiro pensar como doerá,
sucumbirei sozinho e sem suporte?
Ou será que dormirei numa cova?
Será então que o pessimismo some?
E não mais escreverei sobre a póstuma
asneira já então lida com porre?
Na garganta nós tomaremos a hóstia
engolida na língua do pecado? 
Só espero, enfim, respirar a opaca,
vil, maldita e sórdida dona morte.

 

Enterro do cosmos

Meu destino é tentar suportar,
Um dia serei enterrado no cosmo,
as nebulosas ao pó me levarão.
O buraco negro sugará os ossos,
e então, o velório será estelar.
Nada jamais restará no mundo,
nem mesmo os meteoros desse.
Debruçado ao sofrimento,
abraçado a chuva de meteoros,
pesadas e tão dolorosas
apedrejando com tormento.
Hei de explodir com meteoritos
quebrando o meu universo.

Quatro noites de um pessimista

O tormento é uma noite fria,
refrescante para a reflexão,
mas ardoroso como lava
que arde muito o coração.
É um bosque sem árvores,
é um pasto sem as vacas,
um vazio de grandes ideais
de melancolia boêmia.
A lua é a companhia,
a taça de vinho, o alicerce;
trechos de Plath ao vento
e a depressão nas linhas.

Isso tem que acabar.

Meus surtos diários

Surto por dentro todos os dias.
Sinto vontade de correr sem parar,
Mas as pernas atrofiaram.
Vejo a minha frente um bosque,
Sua relva é macia e o sol brilha,
Mas por algum motivo, lá chove.
Todo dia o céu perde uma nuvem.
A cada dia as gotas caem sozinhas,
Sem condicionantes para tal.
Estou inerte, molhado e apático,
Ninguém pode me ajudar
Todos têm o seu caminho, e
Eu tenho o meu.
A diferença é que meu caminho

Anjo Caído

Sou um vulto impercebível, e
Pairo nas sombras de outrem.
Sinto-me preso e escondido.
Um demônio bifurcado por existir.
Observo a humanidade e as peripécias.
Meus órgãos são pisoteados por eles,
Justo eles, os vermes de Nietzsche.
Tanta tristeza nas minhas asas,
Tais asas ruflam para baixo.
De Lúcifer a mim, temos a abrupta decadência.
Sou o arcanjo do esgoto, o núcleo
Do obscuro é o meu júbilo afagante.

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