Tristeza

Nas ruas de um poema

Um dia tentando rimar
ano passando a falhar,
no tic tac da lamúria
tempo cai em penúria;
do dinheiro e do vigor:
o mendigo em torpor.
Esmolas de si mesmo,
apoteose do soberbo.
Decrépito em teu ideal
Afasia da morte final.
O soterrado, carece
uma vigília de prece,
em respeito ao velório
ao poeta irrisório.
Teu cântico do drama
acaba nas linhas em lama.

 

Ainda no mundo

Pelo poder do espírito santo de todos os carinhos
Onde a devotada esperança aos pouquinhos
Ainda destila lágrimas e segredinhos

Mundo indomável, discreto incoerente
Não dissolve o som dos pecados persistentes
Oh musa, flor mulher ou algum governo polivalente

Venham pelo menos salvar os dias de amargura
Das cercanias da vida, dor e tortura
Deus ainda não tive este quinhão, de dedicada ternura

Onde o mundo todo diz merecer
Mas a carência de algum bem faz perecer
O mundo escreveu um trecho dessa peça mal de se ver

Tanto Faz

Minha passagem será essa,
ser ausente de movimento,
zero acertos e erros vazios.
Um mero observador da vida,
na ótica difusa desistir antes
do tentar, patética situação
admoestada por mim.
Conformismo, desleixo,
são sinônimos d’alma perdida.
Não sei de nada da vida prática,
quem dera sobre ideologias.
Mas sei deixar a paixão literária
amar a vida, o coração pulsar
até enjoar, como o sol fervente
nas tardes de verão.

Terça nobre

A tv anuncia o filme : terça feira nobre
filme tão glacial , não muda a minha face inanimada !
fantasmagórica, é a atenção do amor
filme tolo, não detém a minha dor dinâmica
gostaria de reescrever tantas cenas desta tela
e apertar os passos sem sair da poltrona
sabem os expectadores deste mundo , corrigir tantos dilemas ?
desliguei o filme chato , melhor revisitar os antigos retratos
mas a nostalgia tirana, mudaram a atitude dos meus olhos !
tantas cenas e lembranças rimam com a felicidade antológica penetrante

Talvez

As pessoas são más,
E eu sei que eu também posso ser,
Talvez mais;
Esse é o problema,
Eu não quero ser.

Eu odeio este meu lado,
Mas ele está sempre aqui,
Sempre perto,
Esse é o problema.

Quanto mais pessoas me deixam,
Mais ainda apoiam-se em mim.
O que eu faço para não cair?
Todos estão em meus ombros,
Talvez eu devesse..
.. apenas deixar ir.

Eu não sei o que fazer,
Mas um pensamento não me sai da cabeça,
Nele tudo pode desaparecer!

Estação Depressiva

ESTAÇÃO DEPRESSIVA

Tic – tac, eu tenho um Dom!

Não poderoso, nem esquizofrênico

Diminutas horas informadas pelo ROLEX de ouro

Inútil bem que não possuo ...

Nas andanças deste tempo as vezes paramos ...

Mas não visitamos o interior de nossa essência.

Tenho como adereço alguns relógios

Que que não importunaram minha conta bancaria

Não são tão famosos, mas registram um tempo tão artificial para mim,

Meu DOM é marca de um relógio Chinês.

Mas poderia ser a servidão não adormecida,

Sufocado por si

Palavras sufocam minha garganta,
ao mesmo tempo que querem sair,
ficam soterradas na ansiedade.
Obsoleta vida que desalenta,
olhando o horizonte...
ermo sofrimento a banhar-me;
preto é a cor dos meus ossos,
cinza a cor do meu mundo:
paisagem impressionista: minha vida.
Sufocado por si próprio, asma mortal,
olhando as estrelas...
linhas tortas descrevem o monólogo,
fatídico ser humano buscando o fim.
Monotonia mental, cotidiano vivo.
Musicalidade profunda me atinge,

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