EU DE MIM...

Sou arrimo de mim,

Detetive dos meus passos,

Confidente de minhas inconstâncias.

 

Sou namorado da solidão,

Amante da saudade,

Filho do sexo...

 

Sou minha própria religião,

Crítico dos meus ideais,

Político de minhas atitudes...

 

Sou um complexo de paradigmas,

Um enunciado de sintagmas,

Semente do meu juízo...

 

Sou o que sou... Só...

Entre ser e estar... apenas estou!

 

 

Caminho e Lugar

Siga por aí sem rancor. Vai, pegue suas coisas e leve-as para outros lugares. O que não lhe couber nas mãos, abandone. As coisas têm os seus espaços. Assim como você, elas operam. Cada coisa em seu lugar. Não se preocupe com o que ficou: Os pertences são como gavetas que guardam histórias dentro de si mesmas. Se quiser ser livre, pertença a poucas, ou quem sabe, raras coisas. O que deixar pra trás contará sempre algo sobre você. Em cada momento, algo diferente. De resto, seja livre!

O momento

Quero servir-te poesia
 
sediar-me em ti
 
em cada  momento
 
deliciar-te desvairado
 
onde simplesmente os dois
 
acontecemos extemporaneamente
 
 
E foi quando rasgando risadas
 
pautámos cada relíquia de tempo
 
num perplexo poema
 
assim disponível
 
neste electrizante dilema
 

Nossos silêncios...

Que venhas hoje
 
liberta
 
em brasas reerguendo
 
mares e ondas na pureza
 
estival dos nossos anseios
 
 
 
que venhas sóbria
 
libertando quimeras ancestrais
 
onde encontro a eternidade
 
plangente de toda a harmonia
 
que desagua aconchegada entre
 
nossos luares enamorados
 

Vaso oco do tempo

Vaso oco do tempo

Dono de todas as cores

Morto de sentimento

               

Abarrotado do nada

Enferruja caminhos

Desmorona estrada

 

Vaso fundo do tempo

Mestre da lembrança

Aprendiz na distância

 

Rígido com as horas

Rico de histórias

Rouco de memória

 

Vaso fino do tempo

Intransferível

Insubstituível

Indefinível.

 

Enide Santos 06/01/15

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