Ébrio

Por mais que se prolongue a meu lado,essa tal de solidão.
No quadro pintado é a noite coberta de lágrimas, arte em si numa cegueira temporária.
Não bebo sozinho as mágoas com que me engasgo, escondido neste ponto de ruptura com essa tal de solidão.
Cada copo que bebo foste tu que me provocaste a pedi-lo, sabendo muito bem a minha fraqueza.
E eu bebo, um a seguir ao outro, ansiando o teu riso.
Riu-me da minha figura, olhando-me ao espelho, com essa tal de solidão.

Fome do tempo

A Oeste segue-me deleitosa
 
e vigilante
 
a vida transbordando de assédios
 
segurando a tirania do tempo
 
que me vence,veloz
 
devastando qualquer rota
 
onde caminho inseguro
 
rumo à eternidade
 
em trilhas magnificas
 
de silêncios evocados num lamento
 
que nem mais me conforta
 
 

Largo dali

Passou mais um dia onde até de tempo são feitas as lendas
A mais um padeiro que de manhã faz notáveis merendas
Mais um dia ao lado do nada que fica no largo dali.
 
Nesse nada de largo com casas sem tormentas
O cuco falso do relógio dá na parede umas horas lentas
A mais um relojoeiro que perdeu um parafuso pois vive no largo dali.
 
Passou mais um dia ao lado do nada que fica no largo dali
Já sem espera, sem gosto e desgosto, sem queixume ou ardume

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