Interrogação

INTERROGAÇÃO

Tu que já foste astrónomo e alquimista
Tu que voas nas quatro faces do vento e percorres o firmamento
Tu que tens a chama do saber e movo-te a curiosidade de cientista
Tu que procuras nos astros, uma nova ordem, um novo chamamento.

Tu que pretendes ser levado pelos grandes ventos da pura aspiração
Tu que queres ver uma Boa Nova e fundires-te nela cintilante
Tu que leis as constelações e queres saber a sua composição
Tu que olhas o universo não decifrado, como uma sombra só e delirante.

Fadiga de pedra

Quem ama, não ama,
Com os olhos, ou coração;
Ama com o pensamento,
De quem ama com a imaginação.

Caiam de cadeiras
Movidas por baleias,
Subam neste passeio
Roubado do que me veio.

Do cimo da ideia
Estará ao rubro
Encalhada, a fada:
A verosímil que cubro.

Toda a minha dentada,
Sem dentes para mais nada,
Toda ela é lida de emoção,
Fraca, e de vossa imaginação.

MENSAGEM

Teus olhos castanhos, minha sibila,
São raios do céu na fronte tranquila,
Na fronte morena, ó moça faceira!

Tu és o desejo que me aniquila,
De minha existência a ilusão primeira.

És tão pequena, casta e delicada,
Qual do bosque colorido uma fada;
Como a resedá que o orvalho umedece.

Ninfa lampeira, às vezes, abrasada
Tens o calor que minha vida aquece.

Se eu pudesse numa noite infinda
Unir nossos lábios, princesa linda,
E sentir em teus braços o tufão.

BEIJOS

Tem beijo que faz tremer a veia
E o lábio sôfrego logo ateia,
Ou té paralisa.
É beijo de amor que num repente,
Desliza na face sorridente,
Qual na flor a brisa.

Feliz decerto é o colibri,
Que beija estas flores e sorri
Ao céu de verão.
Feliz é o oceano cantante,
Ele é da praia o garboso amante
E beija-lhe a mão.

Tem beijo tímido pela noite,
Tem beijo que estala qual açoite,
Tamanho o prazer.
O beijo é uma linguagem estranha,
O sol beija no dorso a montanha
Sem nada dizer.

ELA SOMENTE

Somente ela habita meu pensamento,
Faz passar o tempo qual passa o vento
Sem prometer voltar;
Com seus olhinhos de azul inocência
Ela somente! Para esta carência
De minh`alma apagar.

Sou feliz se posso um doce beijinho
Somente dela merecer... carinho
Eu sempre lhe darei.
Para que a noite triste não me seja
Ela somente!... quando ela me beija
Sinto-me, então, um rei.

ACROSTICO DE UNIVERSO

POEMA MOSAICO

 

Meu subjetivo é alcançar perto

Chegar rente

Perto é lugar de quase

Rente é alcançar de repente

O improviso

O olhar em imprevistos

Meu objetivo é desenhar nas paredes

Linhas que voem delas

Linhas que vão

Com o cânhamo queimado

Abstratos de não querer

Absortas em não pragmatismo

Não violência em discordar

A cor da dissonância

Era ocre era outra

Quase não ia investigar incertezas

O som do encontrar longe

Era ocre era Acre

Pages