Tristeza

Teus Olhos

             Teus olhos tristes  me  fitam

             Olhares se cruzam e, perguntam

             Tristes e ternos o que dizem

              Mas... não respondem

                       ****

               Eles falam por sí

              Os meus pescrutam em frenesi

             Os teus calmos e tristes

              Quando foi que sorristes

 

      Nereide

" Memórias entranhadas..."

   O maldito sonho está a interferir. Consigo vê-lo nas ocasionais mudanças bruscas de posição na cama ( como se tentasse arrancar-me as memórias num devaneio do passado ) e no meu coração agitado. O sol, já martela as pedras da calçada, olho por cima do ombro, por uns instantes, enquanto o Céu me atinge como uma cacofonia ( nome dado para a junção de vários sons discordantes e desafinados ) na melodias relutante do canto da primeira ave...

Minha vida em versos

Sonhos de criança

pensados na infância

perdidos na estância

mas não na esperança

 

Assistir televisão

não podia não

um vigiaja

e depois revezava

 

Bicicleta dividida para três

não tinha como brincar

nunca chegava minha vez

e nada podia falar

 

Parque de diversão

que grande emoção

alegria no coração

mas não era sempre não

 

Solange Pansieri

 

Meu pai

Num certo momento

perdeu os movimentos

restou alguns pensamentos

e gestos para entendimentos

 

De coisas que queria

de cede que sentia

das lágrimas que caia

da vida que acabaria

 

Quis ser cremado

pelo cancer avançado

ser todo queimado

o que tinha o dilacerado

 

O tempo não tem piedade

de repente vem tempestade

temos que engolir a realidade

mesmo sem ter vontade

Solange Pansieri

 

Meu pai

Um aquário construira

e com os peixes se divertia

quando a saúde permitia

era assim todo dia  

 

Uma doença escondia

muitas dores sentia

mas sempre fingia

que saúde ele tinha

 

Até que um dia

a dor não suportaria

e toda família

ficaram de vigília

 

Muito carinho recebia

nas horas de agonia

dos últimos dias

até que partiria

 

Solange Pansieri

 

Meu pai

Um aquário construira

e com os peixes se divertia

quando a saúde permitia

era assim todo dia  

 

Uma doença escondia

muitas dores sentia

mas sempre fingia

que saúde ele tinha

 

Até que um dia

a dor não suportaria

e toda família

ficaram de vigília

 

Muito carinho recebia

nas horas de agonia

dos últimos dias

até que partiria

 

Solange Pansieri

 

Meu pai

Meu pai sentado no banco

sempre pensando

calado no canto

só observando

 

Nada comentava

enquanto ninguém o provocava

mas quando falava

o bicho pegava

 

Ele gritava

ninguém reclamava

só se escutava

e o respeitava

 

Poucas vezes sorria

vontade não sentia

pelo passado,sofria

porque nada mudaria

 

 

minha vida em versos

Um segredo guardava

e nunca falava

achava que errava

e se culpava

 

Tinha pressa de crescer

e o mundo conhecer

pensei que tudo sabia

e passei pelo que não queria

 

Muito cedo se casou

ao destino se lançou

sua vida atrasou

mas com o tempo se ajeitou

 

 

Muitas vezes se perdeu

por mentiras que não mereceu

mas a verdade apareceu

e a justiça prevaleceu

 

Solange Pansieri

Almas perdidas

Lembrei-me...
Naquela linda tarde de sol
Ô pôr do sol
À beira a mar
A correnteza que levava a água
Dos sons daquelas aves da noite
Do barulho que fazia a multidão
Sem noção
O rumo que tomava a tarde
Rumo a noite
Mas sem lua
E o silêncio tomava conta
A noite era mistério
Diziam-se que ali estranhezas acontecia
A noite ninguém dormia
Pois as trevas propagavam-se
Na noite vazia
Que naquela noite tanto mistério fazia
Os poucos que ali não temiam
Mortos estavam...

Silêncio

Foi no silêncio que te encontrei...

Nesse mesmo silêncio me perdi.

Brotou em mim um ser desconhecido.

Que me devorou a sanidade.

Apagou-me o sorriso e a curiosidade.

Nele gritei alto minha frustração.

Para no abismo cair.

Porém foi nesse silêncio que renasci.

Que aprendi a amar-me.

Por isso te amo no mesmo silêncio.

Margarida Viveiros (Osíris)

 

 

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