Tristeza

Ventos do Norte

Todas as músicas já foram tocadas.

Nada levo além do que os principais acordes.

Sou minha própria música.

Reverbero-me, ouço-me, toco-me.

Inevitáveis óperas pelo céu estrelado;

São tão eternas quanto o passado.

 

Tudo aquilo que as horas fundaram dentro dos meus alicerces.

A solidão em mim só existe porque o destino não me deixou sozinho. 

SOLIDÃO DE SONHOS

A solidão é deixada na brisa do outono
Com tantos beijos já perdidos no verão
Nas manhãs tão quentes de breves sigilos

Monólogos da nossa imensidão da noite
No progresso talvez incontrolável do dia
Onde o silêncio, o espaço declaram guerra

Quando os sonhos contemplam a velha lua
De desejos, das estrelas que brilham nos olhos
No despir dos sentidos ao encontro dos meus

Cobrem o chão, a cama com pétalas brancas
Rosas plantadas por mim do nosso belo jardim
Solidão de sonhos, nos beijos perdidos de verão.

Deixo passarem as horas aguardando a remissão

 
 
Por vezes tento dissimilar,
não posso esconder a dor.
Agradar a alma inquieta
apenas com lembranças,
emoções evanescentes
ainda que na memória recentes,
dos últimos acontecimentos.
 
Insone, 
esperando nascer o sol,
aguardando na aurora carmesim 
um ramo de oliveira,
mantendo a alma ansiosa. 
 
Como a chuva que lá fora
tamborila sobre as vidraças,

Chove

O céu cobriu-se de luto.

A natureza pára, chora,

desfaz-se em lágrimas.

Cai um dilúvio lá fora!

Chove desesperadamente

contra a minha janela,

com tanta força, raiva!

Parece que sente…

Que a minha dor é dela.

NÃO VÁS AINDA

Pouso o olhar no teu rosto cansado
Não preciso dizer nada, conheces-me como ninguém
Com passos incertos e vacilantes
Levas-me até ao velho sofá da sala
Acaricias-me os caracóis, como fazias em criança
Enquanto deixo correr em teu colo,
Meu pranto…
Cada ruga no teu rosto tem uma história,

Oitenta Dias

Oitenta dias se passaram

Desde que você se foi.

Oitenta dias que não fazem a vontade

Que tenho de você ir embora.

 

Toda minha frieza não foi suficiente

Quando seus dedos afagaram meus cabelos.

Poderia ser perdoado por isso?

O sangue que fluiu da nuca à espinha

Correu devagar pelo presente que terminava a cada segundo.

O calor da sua mão inundou-me

Distância

Naquele oceano navegava

navegava para bem distante 

para esquecer tudo

para se aventurar

distanciar, e nunca mais voltar

 

Me perco no mar sem rumo

não quero mais voltar

estou decidido, não posso parar.

A imensidão desse mar 

é uma fria eternidade

 

Sem som, sem voz

me distância de tudo

me distância das coisas

agora estou só

na imensidão do mar

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