Tristeza

Este poema é tão triste

Este poema é tão triste,

Que o escrevo a chorar.

Até a felicidade desiste,

De me querer alegrar.

 

Este poema é tão triste,

Nem sabem porquê.

O poeta só existe,

Quando alguém o lê.

 

Este poema é tão triste,

Porque nunca foi amado.

O pouco que resiste,

Noutros poemas que tu viste,

Foi tudo inventado.

 

Este poema é tão triste,

Ao revelar honestidade.

O amor que sentiste,

Nunca o senti de verdade.

 

Este poema é tão triste,

Primavera

Hoje sonhei com uma quimera.

As cores da morte são nuas como minha alma.

O som que ecoa só pode ser sentido em minha pele.

Todos os olhares condolentes me matam junto com quem se foi.

 

Eu preciso de um lugar para me ajoelhar.

Eu quero voltar a ser pequeno,

Tão quanto as flores ao redor do seu túmulo.

Eu tenho medo do meu nome.

O vento sussurra nomes estranhos

Ventos do Norte

Todas as músicas já foram tocadas.

Nada levo além do que os principais acordes.

Sou minha própria música.

Reverbero-me, ouço-me, toco-me.

Inevitáveis óperas pelo céu estrelado;

São tão eternas quanto o passado.

 

Tudo aquilo que as horas fundaram dentro dos meus alicerces.

A solidão em mim só existe porque o destino não me deixou sozinho. 

SOLIDÃO DE SONHOS

A solidão é deixada na brisa do outono
Com tantos beijos já perdidos no verão
Nas manhãs tão quentes de breves sigilos

Monólogos da nossa imensidão da noite
No progresso talvez incontrolável do dia
Onde o silêncio, o espaço declaram guerra

Quando os sonhos contemplam a velha lua
De desejos, das estrelas que brilham nos olhos
No despir dos sentidos ao encontro dos meus

Cobrem o chão, a cama com pétalas brancas
Rosas plantadas por mim do nosso belo jardim
Solidão de sonhos, nos beijos perdidos de verão.

Deixo passarem as horas aguardando a remissão

 
 
Por vezes tento dissimilar,
não posso esconder a dor.
Agradar a alma inquieta
apenas com lembranças,
emoções evanescentes
ainda que na memória recentes,
dos últimos acontecimentos.
 
Insone, 
esperando nascer o sol,
aguardando na aurora carmesim 
um ramo de oliveira,
mantendo a alma ansiosa. 
 
Como a chuva que lá fora
tamborila sobre as vidraças,

Chove

O céu cobriu-se de luto.

A natureza pára, chora,

desfaz-se em lágrimas.

Cai um dilúvio lá fora!

Chove desesperadamente

contra a minha janela,

com tanta força, raiva!

Parece que sente…

Que a minha dor é dela.

NÃO VÁS AINDA

Pouso o olhar no teu rosto cansado
Não preciso dizer nada, conheces-me como ninguém
Com passos incertos e vacilantes
Levas-me até ao velho sofá da sala
Acaricias-me os caracóis, como fazias em criança
Enquanto deixo correr em teu colo,
Meu pranto…
Cada ruga no teu rosto tem uma história,

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