Tristeza

Suicidio

Um dia que eu me vá embora,

Não chorem com saudade.

A minha poesia é uma história,

Que carrego na memória,

E não quero mais contar.

 

Estou cansado, o meu corpo deitado, gasto,

A minha alma quer liberdade.

O meu coração mal-tratado ameaça deixar-me,

Parar de bater, e desligar-se.

 

Do topo deste prédio,

Só preciso de um passo.

Gratuito remédio,

Para terminar com o tédio,

Que me prende neste espaço.

 

Falta-me a coragem,

De saber que vais sofrer.

Dicotomias

Tenho medo. Muito medo.

 

Do que escondes. Do que não contas.

 

A tua caixa de pandora enclausurada nesse teu peito de ferro.

 

E doí não pertencer a esse teu mundinho,

 

A esse teu sonho cor de rosa.

 

Nem sequer sei se sou marioneta ou príncipe encantado.

 

 

Que não queiras que te pertença, esmaga-me o coração, sufoca o meu pulmão.

 

E só quero que me digas se morro para ti, ou se morres para mim.

 

Lamento do Entardecer

LAMENTO DO ENTARDECER

Uma lágrima escorre por dentro

Lavando a amargura de todas as ausências.

Do Amor, do prazer, da alegria.

Da falta de uma vida inteira.

Este modo de esmorecer lentamente

Tem a medida dos silêncios Das falsas tranquilidades Dos bons comportamentos

Do enganador verniz brilhante.

Apagam-se as luzes da ribalta. Perdem-se as cores.

Ficam as memórias a preto e branco, e alguns entusiasmos intermitentes.

Há um frio gélido nas mãos

Um brilho de água nos olhos

Um dia serei a Antártida

Quero dormir na Antártida
Esconder caimbras e assaduras
Tornando um apátrida
Em livros sem ranhuras
 
Não me movo, não prejudico
Escrevo sem ser profeta
Ouço a vida e calo o bico
Sem ter mensagem secreta
 
Não destruindo passo a criar
Está frio mas quero a Antártida
Para as lágrimas congelar
E aceitar-me sendo a sátira
 
Progresso torna-nos presos
Eu sou árvore e montanha

Adeus

Adeus

 

Chegaste.

Mal te vi, corri para os teus braços.

Abraçamo-nos, Beijamo-nos.

Num movimento inseguro, saí dos teus braços,

E afastei-me.

Tímido.

Sentamo-nos no sofá.

Eu encostado, tu inclinado para a frente.

Silêncio...

Olhaste para mim. Sorriste.

Silêncio...

Perguntaste-me como estava. Disse que bem.

Retribuí a pergunta. Respondeste o mesmo.

Silêncio...

Começaste a contar o teu dia-a-dia.

Não tinha interesse, mas a forma como o contavas,

tornava-o belo.

Tu

Tu

 

 

O Verão acabou em ti.

Em mim começou o Inverno,

E exponho o meu corpo para o norte.

 

Da magia e esplendor da Primavera apenas restam memórias sem cor.

 

E escorre chuva nas paredes do meu coração...

 

Foste a música dos meus sentidos e agora só o silêncio se ouve.

Os ecos? Esses partiram há muito.

 

E há uma solidão imensa neste meu jardim abandonado.

Porque em minha casa, depois do festim, restam apenas ossos e copos partidos.

Este poema é tão triste

Este poema é tão triste,

Que o escrevo a chorar.

Até a felicidade desiste,

De me querer alegrar.

 

Este poema é tão triste,

Nem sabem porquê.

O poeta só existe,

Quando alguém o lê.

 

Este poema é tão triste,

Porque nunca foi amado.

O pouco que resiste,

Noutros poemas que tu viste,

Foi tudo inventado.

 

Este poema é tão triste,

Ao revelar honestidade.

O amor que sentiste,

Nunca o senti de verdade.

 

Este poema é tão triste,

Primavera

Hoje sonhei com uma quimera.

As cores da morte são nuas como minha alma.

O som que ecoa só pode ser sentido em minha pele.

Todos os olhares condolentes me matam junto com quem se foi.

 

Eu preciso de um lugar para me ajoelhar.

Eu quero voltar a ser pequeno,

Tão quanto as flores ao redor do seu túmulo.

Eu tenho medo do meu nome.

O vento sussurra nomes estranhos

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