Tristeza

Se eu morrer primeiro

Se eu morrer primeiro
Plante poesias sob os meus pés
A pedido de um guerrelheiro
Cave o meu túmulo com o que tu
lês

Poetisa com alegria
Cada centímetro da minha cova
Orna-me com poesia
E faça dela a minha roupa

Seja poema
Para os meus ouvidos
E recite cada tema
Dos meus zumbidos

Contém; o teu lacremejar...
Após o velório sorria e diga amém !
Porque hei-de voltar !...

Autor: António Vicente Aposiopese

Um poema para África

Um poema para África

Vou fazer um poema para África
Um poema repleto de fome
Gorda de miséria que nos seca !
Poema de gente quase sem nome !

Um poema que canta Somália !
E que traga minha infância anêmica
Vou fazer um poema com voz de penúria
Que mostre a rica pobreza angolana

Um ode cantado no megafone
Da zungueira que co'voz mostra a nudez de cá
Poema de egoísmo que concebe clone

Que dolorosamente geme sangue
No âmago das minhas lágrimas
Um poema sem voz bilingüe...

CERTOS DIA

Há certos dias confusos
Que os tempos se misturam
Diversas flâmulas tremulam
Em nossos mundos reclusos

Há  certos dias estranhos
Que me pego desistindo
Á luz do existir sumindo
Entre o segredo e o sonho

Há certos dias de cismas
Que sou tarde mesmo cedo
E entre a loucura e o medo
Adormeço sob as cinzas

Há certos dias sem vidas
Que o sol esmaecendo vai
Que o concreto se abstrai
E o irreal se concretiza

Espelho vermelho

Espelho Vermelho

 

Porque deter a hemorragia, a alma sangra, mas é interno. Nem um espelho reflete o coração quando sangra, apenas evito olhar-me nos olhos frente ao espelho. Eles deletam-me, eles desnudam a alma e mostram as suturas mal feitas internas. A hemorragia esvai-se pulsante, curativos não vão estancar o corte profundo. A dor de ver-me assim, sangrando por dentro, sem reflexos no espelho, que embora não refrate a dor, está vermelho, porque refletem apenas olhos vermelhos.

 

Charles Silva

MÁGOA

                                MÁGOA

É lindo quem é  realmente educado, percebe- se a diferença que ele faz, a humildade que ele tem...

   O orgulho não fica em seu coração e nem mesmo a mágoa da pior palavra lançada...

    Pensar que todo mundo é igual é erro.

Porque cada um é: Único, formado por Deus!

 

Autora: Madalena Cordeiro

Minudências

Estendo-me ao comprido na cama.
Tenho a alma caquéctica e
Há um pesar demasiadamente familiar
Que se me vai acometendo.
Sinto o peito a colapsar
Nesta manhã de melancolia invernal
Como de outra não há memória.

Ponho a música a tocar.
Nascem etéreas melodias depressivas
Suspensas no ar rarefeito
Cada vez mais insuportável de respirar.
Penetram-me as notas dessas harmonias,
Pesadas e graves, nos ouvidos dolorosos,
Comprimindo o meu intimo a uma lágrima.

Sangração

Sinto-me tão cheio.
Tão vazio.
Não sei...

Queria rasgar o meu peito
e libertar o que cá dentro mora.
Oprimido deste jeito
não duro mais uma hora.

Ouvi dizer que
de desgosto também se morre.
Meu coração já nem bombeia
o sangue que em mim corre.
                                       [ou corria]

CORAÇÃO FERIDO

                                   CORAÇÃO FERIDO

Oração, melhor ter marcas nos joelhos do que ter feridas no coraçao!

As marcas nos joelhos não dói.        

Mas as feridas no coração só Deus pode curar!

Mas se você orar  e os joelhos marcar...

    Deus vai te curar!

 

Autora: Madalena Cordeiro

Saudade

A saudade caminha a meu lado
É sombra que não se apaga
Leva-me num cavalo alado
Pela floresta aziaga...

Corre o mundo em meus ombros
Atravessa o oceano amoroso
Repousa nos escombros
Do meu coração doloroso!

Não me deixa... Que sina!
Sussurra-me ao ouvido...
Fala-me da ruína.

Vai-te embora ó Saudade.
Porque fazes tanto alarido?
Que maldade!

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