Solidão a dois

Nesta solidão a dois esbraceja o dia prenhe de uivos rudes e insensíveis
Coesos, todos os lamentos vadiam a milímetros da solidão tão horrível
Sem guarida as palavras embebedam-se no mosto dos silêncios indefiníveis
 
Nesta solidão a dois o tempo deixa ruborizados todos os beijos impossíveis
Com destreza afaga as lágrimas caindo qual colírio das horas remíveis
Sibila com a elegância hiperproteica das palavras etéreas e quase inaudível
 
FC

Quem dera se eu fosse uma estrela

Tento controlar a minha raiva,
por vezes consigo despistá-la,
agoniante serão meus dias
se no desespero eu pirar;
se eu perder o controle sobre
mim, nada terei para aguentar.
Medito vendo estrelas do céu,
gostaria de ser uma estrela,
ver a humanidade do alto,
não ter motivações ou raiva,
quero ser apenas um brilho.
Vejo a cólera como um salto,
um pulo tênue entre razão
e emoção, é um espaço tão 

A queremos

Uma vez liberta nada a segura,
enclausurada pela vontade
libertada na volúpia luxúria,
É excitada pelos neófitos,
no fulcro dos seres ela está.
Nos pecados sujos escondemos,
os desejos agora inóspitos.
Os rituais eles a veneram,
e da mulher casta, a desprezam.
Ninguém no fim a ignora,
mas todos, portanto, a querem:
saudosa Liberdade, conhecida
também como a fugitiva
Lilith.    

 

COPARTICIPAÇÃO

 

 

 

despir a roupa

das rochas estáticas

e delas extrair o minério

de profícuo teor

 

enredar a paisagem

do relevo austero

sem violar seu design

de exímio escultor

 

constatar a amplidão

dos amplos vergeis

e gerar em seu íntimo

farta provisão

 

resgatar o pudor

da obra primordial

sem aviltar os méritos

do pródigo criador

 

Vida paulistana

Saiu da casa dos pais, mas percebeu em pouco tempo o caos da vida adulta. A infância balsamada por doces, amigos e brinquedos infelizmente se perdeu. Disseram que se lutarmos muitos, podemos ter tudo o que queremos; chega a ser cômico, ele conclui. É mais sobre influência e egocentrismo.

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