Desilusão

Nunca Mais

Hoje eu lembro bem 
Quando eu era uma idiota
E ficava esperando
Você na minha porta.
 
Mas você nunca vinha,
Nunca vinha ninguém,
Eu ficava sozinha olhando pro além.
 
Mas você nunca vinha,
Nunca vinha ninguém,
Eu ficava sozinha olhando pro além.
 
Eu te enchia de presentes
E você só me dava fora,
Me fazia de boba,
Eu era a sua idiota.
 

É melhor nem ver

Meu amor por você 
Já era causa perdida
Eu jamais poderia 
Ter você na minha vida.
 
Nos meus sonhos você
Sempre está pra mim sorrindo,
Mas é tudo mentira 
A realidade não é isso.
 
Eu queria te ver 
Mas eu não tenho coragem,
Você já tá até correndo
Atrás das meninas da sua idade.
 
Já passou o meu tempo,
Sempre aprendo a perder...
 

(sem título)

a sofística demência do poeta

expulsa-me da alma o sonho anunciado

e o poema cala-se-me na boca desiludida;

o presente é agora um feixe de folhas

brancas, sufocadas em palavras despidas

- talvez o verso 'inda se acuse,

por entre as estrofes magoadas

ao encontro da rima arrependida

que absolva as reticências glosadas

no capricho nietzschiano do poeta

 

ó musa cuspida no não sentido da palavra

inquieta! não me renuncies ao silêncio do mote acidulado!

recria-me agora no corpo das letras abandonadas!

CANTOS DA MINHA ALMA

Este grito que vem das minhas entranhas
Traduz em mim, numa dor tão grande
Alma em suspiros reprimida no peito
Desabafa a saudade em querer viver
Piso a antiga calçada de frias fragas
Com os pés descalços, num caminho
Que é longo, com os anos passados
No eco das frágeis asas com que voa
Já sem força e talvez já sem vontade
Tempo perdido no inverno que é frio
Na própria sombra onde olhamos sem
Conseguirmos sequer olhar para ver
Este mundo infernal que se está a tornar

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