Prosa Poética

Minutos famintos

O que faço das palavras senão a
 
minha arma perpetrando-te
 
como as ciladas que invento
 
ao alimentar a inspiração
 
faminta em cada momento
 
 
 
- Que faço dos meus versos
 
senão as pontes tangenciais
 
onde unimos as margens do
 
silêncio
 
reencontrando-nos a bordo de cada
 

Arabesco

Descalça-te na leveza
 
de um passo deslumbrante
 
Recita-me versos que espantem
 
as brumas da noite
 
assim desmaie o ofuscante
 
silêncio desenhado no arabesco
 
verso bailando-te tão
 
gratificante
 
 
Vestirei teu olhar bordado
 
no cachecol do tempo
 
traficante
 

À deriva

Abeiro-me deste pensamento
 
recém chegado
 
inundando o tempo de espera
 
ainda te tateava o ser rodeado
 
de oceânicas quimeras
 
gotejando a cada Índico naufrágio
 
no silêncio Pacífico desta espera
 
inescusável
 
contornando o litoral Atlântico
 
onde viajo contemplando
 
cada maresia que teu ser
 

Silêncios vespertinos

Medra o rumor das águas
 
enquanto por ti caminho
 
vespertino
 
diluindo as escuridões do mundo
 
rompendo pela alva
 
tão copiosamente
 
revelando-te os segredos
 
num punhado de versos inacabados
 
 
Conciliei minhas orações
 
repetindo-te a existência inédita
 
dos nossos seres religiosamente
 

Sopro de vida

Importei as tranquilidades do silêncio
 
pra dentro de mim
 
desafiando meu embriagado canto
 
que enlevo beber
 
nos lábios teus
 
assim enobreças a doce manhã 
 
onde em ti cada beijo caber
 
-São palavras essênciais
 
ressurgindo no tempo etéreo
 
desintegrando
 
o fogo
 
a luz
 

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