Soneto

Silêncio

"uma calma soberana presidia à ordem dos cataclismos"
CALVINO, Ítalo "Se Numa Noite de Inverno Um Viajante", 1979, tradução de José Colaço Barreiros, editorial Teorema, Lda

Se a flux nociceptor, sem broquel, às
Vagas de Mefistófeles coleante
(Catábase da estese sem levante)
Dore o "Olvido" (1) em esquife, alfange roaz.

E, nefando, o "Crepúsculo" (2) auge e traz
O hiulco Belial, de plúmbea sega, diante
Da orexia à solitude - o veio ordinante,
O demiurgo platónico à pua edaz.

Ínvia

Desde Ymir a Gullveig e sem teurgia,
Qlippoth, Dugpas, Mammon, Grendel em massa,
Caldeiam-se em Kanagawa (1), que amordaça,
Númen latebroso ao ónus que asfixia.

Por melhor "linha ley" (2) que a tetania,
E a ardejar, qual Kriemhild (3), sob o que laça,
Tempesteia, sibilina, brame a raça
Num vau em perspicuidade que alvearia

Mais que Abramelin ou de Shangri-La (4).
Martela (5) o que liberta (6), em via dum álime.
Somente a malabar Métis abula.

Mnemónica de Abraão

Mnemónica de Abraão em Canaã aventada,
Troveja a selva urbana embravecida.
Torvelinho, Betel. Enfim, a vida
Impele, propulsiona. Desterrada.

Clade d'Avalon(1), ruína, qual errata
À vista? E, só, em deserto amanhecida.
Ressurge-me no espaço-tempo a Vida
De mim, a Melusina mais abstracta.

Palingenesia embraia sob tais ventos,
Qual fiorde em tessituras desumanas
E laudativamente nos(2) reinvento

Música Sempiterna

Estrelas se apagam, sinfonias se terminam
Mares se acalmam e seus peixes adormecem
Além do horizonte muitos dias se anoitecem
Enquanto deste lado muitas horas se atrasam

Tantas luzes se apagam, tantas almas adormecem
Tantos sonhos se despertam tantas formas que se quebram
Tantos dedos que apontam tantas vozes que se calam
Tantas promessas proferidas e memórias que esquecem

<MOMENT>

    Dois olhares penetrantes, turvados!

    Duas bocas ardentes de desejo!...

    Ímpeto irresistível, forçado.

    <Momento> lindo! O brotar de um beijo!

 

    Esperado, desejado Momento!

    Único, sublime! Quase perfeito!

    Vibrante anunciar dum sentimento, t

    Que põe na pele o rubro do deleite!

 

    Que doce sensação! Tão benfazeja!

    É breve. Rápido se  esvaece.

    Mas ficará p'ra sempre em cada peito!

 

    Se pudesse dar matéria ao <Momento>,

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