Geral

Ando

Ando às voltas com palavras vazias,

Ideias tolas;

Frases sem sentido,

Sem rima, sem ritmo,

Sem estilo…

 

Balas perdidas bangue-bangueando na minha cabeça…

 

Ando tenso, ansioso, inseguro…

Focado num ponto distorcido,

Desfocado…

Esperando respostas sem querer fazer perguntas

Envelhecendo…

 

Fragmentando meu presente para reunir no futuro

 

Ando olhando para o chão e para o céu;

Para o nada!

Não enxergo a minha frente

E o meu caminho tornou-se pedregoso,

EU DE MIM...

Sou arrimo de mim,

Detetive dos meus passos,

Confidente de minhas inconstâncias.

 

Sou namorado da solidão,

Amante da saudade,

Filho do sexo...

 

Sou minha própria religião,

Crítico dos meus ideais,

Político de minhas atitudes...

 

Sou um complexo de paradigmas,

Um enunciado de sintagmas,

Semente do meu juízo...

 

Sou o que sou... Só...

Entre ser e estar... apenas estou!

 

 

Vaso oco do tempo

Vaso oco do tempo

Dono de todas as cores

Morto de sentimento

               

Abarrotado do nada

Enferruja caminhos

Desmorona estrada

 

Vaso fundo do tempo

Mestre da lembrança

Aprendiz na distância

 

Rígido com as horas

Rico de histórias

Rouco de memória

 

Vaso fino do tempo

Intransferível

Insubstituível

Indefinível.

 

Enide Santos 06/01/15

MORFINA

poros
transpiração
 
as veias latem
as artérias latem
 
o senhor dos sonhos comanda
 
nulidade
 
sinto a sua presença
 
rejeição
 
realidade cruel
que habita nos meus olhos
 
a toxicidade é viciante
o vicio é... sufocante

Expectativa

 
Não gosto da expectativa,
enaltece o patamar para o divino,
mas divino nunca o poderá ser.
Nem sabemos o que divino é.
 
É a ilusão mais subjectiva,
graxa em sapato sem brilho,
brilho que irá desaparecer,
porque no fundo nem brilho é.
 
Sou um conjunto de tentativas,
de falhanços de meu próprio ensino,
ensino que faz amadurecer
como grão torrado tornado café.
 

Calçada

Vejo tão pouco nesta luz sépia que perfuma a rua com o seu toque antiquado,
Apenas o fumo denso que circula lentamente à minha volta,
Como se não houvesse vento, ou sequer uma brisa,
O tráfego condicionado numa auto-estrada congestionada…
Mas não importa,
Os olhos escolhem a escuridão,
Os ouvidos preferem o jazz de um saxofone tocado pela figura tão solitária quanto eu
Sentada à varanda.
Sobre a calçada suja, não me sinto deitado
Não me sinto sequer…
Apenas esse som suave que me adormece
Entre tragos de álcool quente

QUANDO A FIGURA SE ESTAMPA NA TELA

 

QUANDO A FIGURA SE ESTAMPA NA TELA,

MATÉRIA PRIMA DO TEMPO...

AS CORES DAS TINTAS TANTAS!

REFAZEM A HISTÓRIA DA FORMA 

E SURGEM COMO UM NOVO TEATRO

ONDE HÁ DANÇAS DE LIBERDADE

QUE AS PALAVRAS IGNORAM

QUE AS IDEIAS APONTAM

E DESCONGELAM VERDADES

DO SER...

 

 

 

 

Pages