INSÓNIA
Autor: Fernanda Metelo on Wednesday, 2 December 2020INSÓNIA
INSÓNIA
É tanta merda que eu escuto...
e não posso tapar os ouvidos.
Grito de ódio por dentro,
parece estar me corroendo.
Por que é tudo tão triste?
Por que é tão sofrido assim?
Eu não quero isso...
Eu não quero nada disso para mim!
Queria olhar pela janela, e ver somente a densa neblina,
A manhã fria e cinza, carregando gotas da chuva fria.
Assim, ficaria em casa,
sem precisar encarar mais um dia.
Por onde anda a proposta
da porção de amor para cada humano ?
O que meus antepassados falaram!
Arrancaram as flores e o amor do jardim secreto
Da alegria do coração.
Dor bem implantada,
Cirurgia mal sucedida
Das mazelas adquiridas
Não há especialista que cure
Raízes das flores não regadas.
Ainda assim uma lágrima dissonante caiu
E mantém viva a esperança .
Não de morte
mas de alegria.
O mundo cão
Apresenta hoje: discutidos desencontros
Morde amanhã,
Está a chover!
Sento-me para escrever
Mas não me apetece escrever nada.
Repito estes versos na cabeça
À espera que algo me apareça,
Uma ideia…
Ainda que disparatada,
Mas nada!
Vazio.
Apenas o cair macio,
Da chuva pegada que em surdina;
Sobre o asfalto vai caindo,
E teimosamente persistindo,
A fazer-se na tarde, uma cortina;
Que o dia pinta de cinzento,
E me enévoa o pensamento,
Com uma densa neblina.
E chove!...
Não uma chuva copiosa,
Ela destruiu um alegre coração
amor sem destino, pássaro sem ninho
fuzilou o soldado sem guerra em seu caminho
passou, falso carisma, um trem sem direção
Amor sem carinho acabou em grande ruína!
deixou o soldado já fuzilado em invencível solidão
tantos amigos na batalha, mas o amor de ilusão
nas cartas contava tantas coisas impossiveis ou genuínas:
Sonhos e também o doce coração daquela que amava
brincou na cama ,teve seus lábios, amor
o enebriante corpo que o melhor perfume exalava
O CAMINHO DE UM SOLITÁRIO
É olhar o horizonte e perceber que está só tanto na direita quanto na esquerda.
Fragmentos
Sou vitória-régia que se debruça
Sobre lençóis rasos de (m)água
Entre brotos secos aquáticos
Entre secas flores.
Sou estrela pulsante que dardeja
No infinito completamente pura
Uns veem a parte que pulsa
Outros sentem a parte que lateja.
Sou desejo que murmura
Que sobre a segunda pele respira
Segunda pele de outras mágoas
Segunda pele em meio a fissuras.
Só não sou seu par
O ramo de sua raiz